MPE investiga condições de hospital absorver pacientes da oncologia
O MPE (Ministério Público Estadual) abriu inquérito para apurar a capacidade de o Hospital do Câncer “absorver a demanda de pacientes oncológicos de Mato Grosso do Sul atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”. Após três mortes, a Santa Casa decidiu fechar o setor e os 600 pacientes devem ser transferidos gradativamente para o Hospital do Câncer.
Por meio da 32ª Promotoria de Justiça de Saúde Pública de Campo Grande, o MPE quer detalhes do caso, por isso, na segunda-feira (29), a promotora Daniela Cristina Guiotti decidiu pela abertura do inquérito cível, conforme publicação no Diário de Justiça do órgão, nesta quarta-feira (1). O Ministério Público cobra explicações da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e da SES (Secretaria Estadual de Saúde).
Titular da Sesau, Jamal Salem ainda não foi notificado da decisão. Ele imagina que o procedimento é resultado de denúncia de oncologistas. “Chegou para a gente denúncia verbal de que a Hospital do Câncer não teria condições de absorver a demanda”, revelou. “Ao mesmo tempo, a direção da instituição nos informou ter condições de assumir o tratamento dos pacientes”, acrescentou.
Diante das informações controvérsias, Jamal se comprometeu a “analisar todos os lados”. “A Santa Casa continua atendendo, apenas querem transferir gradativamente pacientes para lá (Hospital do Câncer), mas, antes, vamos avalizar isso. Neste sentido, estamos estudando as condições”, acrescentou.
Diretor do Hospital do Câncer, Carlos Coimbra reforçou as condições de a instituição atender os pacientes da Santa Casa. “Primeiro, porque não vamos absorver a demanda de todos os pacientes oncológicos de Mato Grosso do Sul atendidos pelo SUS, mas da Santa Casa”, explicou, fazendo menção ao motivo do inquérito aberto pelo MPE.
Depois, Coimbra fez questão de frisar que a absorção dos 600 pacientes será gradativa, no período de seis meses a um ano, em conformidade com o processo de ampliação do hospital. “Estamos construindo um prédio, serão 248 novos leitos e a migração vai ocorrer conforme o hospital estiver com a capacidade maior”, garantiu.
Além disso, ele destacou o fechamento de convênios com a prefeitura da Capital para reequilibrar as contas do hospital. “A partir de outubro, vamos receber R$ 200 mil mensais e, em fevereiro, o valor passará para R$ 400 mil. Isso nos ajudará a se reestruturar, manter as contas em dia e passar a receber a demanda do município”, disse Coimbra.
Jamal confirmou o repasse. Antes, o hospital recebia, segundo o diretor, R$ 14 mil por mês da prefeitura e acumulava déficit de R$ 480 mil mensais. “Ainda estamos renegociando com o Governo do Estado o repasse de R$ 380 mil, hoje recebemos R$ 100 mil, por mês”, completou Coimbra.