Mutirão arrecada pouco e prefeitura não descarta novo escalonamento
A Prefeitura Municipal de Campo Grande continua com a situação financeira complicada e corre risco de adotar, pela segunda vez no ano, o pagamento escalonado dos salários de agosto. O mutirão de conciliação não atingiu a meta e a redução dos gastos com pessoal atingiu 50% do previsto no início deste ano.
A informação foi repassada aos médicos pelo secretário municipal adjunto de Planejamento, Finanças e Controle, Ivan Jorge. A categoria está em greve desde sábado (15) contra o escalonamento no pagamento dos salários e a volta das gratificações.
No entanto, Jorge não garantiu que o pagamento dos salários de agosto será feito até o 5º dia útil de setembro. Ele explicou que o Mutirão de Conciliação, promovido em parceria com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, só arrecadou R$ 3,5 milhões, muito aquém do esperado pelo prefeito Gilmar Olarte (PP).
A Prefeitura de Campo Grande aposta no mutirão, que vai até 10 de setembro e dá descontos especiais para os devedores de R$ 1,5 bilhão, para fazer caixa. Apesar de admitir que o recurso é muito pouco, o secretário adjunto não divulgou qual o montante considerado ideal.
Outro problema foi que a redução na despesa com pessoa estimada em abril, de R$ 220 milhões até setembro, não foi alcançada. A equipe só conseguiu reduzir o gasto com a folha em R$ 10 milhões por mês, ou seja, 45% do previsto.
Outro problema é a falta de dinheiro para conceder o reajuste de 8% aos médicos, que esperavam iniciar neste mês as negociações. Sem recurso, o município não deve corrigir os salários nem garantir o pagamento em dia até o fim deste ano.
Ivan Jorge voltou a citar os problemas registrados desde o ano passado, quando a equipe econômica propôs reajuste de 28% no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), mas a Câmara Municipal só autorizou 12%. Ele estima que a perda de receita só com este tributo foi de R$ 90 milhões.
Outros R$ 80 milhões deixaram de ser arrecadados com a queda no participação no rateio do ICMS, que caiu de 25% para 21,4% nos últimos dois anos.
Após a reunião com o representante da secretaria, os médicos iniciaram a assembleia para votar o fim da greve.