"Não vale a pena nem limpar", diz família que perdeu casa para lamaçal
Após temporal desta quinta, moradores querem rescindir contrato de financiamento; enxurrada destruiu tudo
"Não vale a pena nem limpar". Essa é uma das falas do proprietário Alexandre Espindola, 24 anos, que perdeu tudo após enxurrada de lama que atingiu a casa onde mora com a esposa e duas filhas na Rua Ponta Grossa, bairro Panorama, em Campo Grande. Com a única roupa que sobrou, Alexandre voltou à casa um dia após temporal para verificar o que poderia ser salvo. A família perdeu tudo com o temporal desta quinta-feira (4).
No local ainda é possível ver pneus, trazidos pela lama, embalagens de alimentos, garrafas e restos de pertences da família. Alexandre ainda não sabe o valor do prejuízo causado pela enxurrada.
Entre os bens perdidos, roupas, eletrodomésticos, móveis diversos, utensílios elétricos de cozinha. O trauma foi tão grande que os moradores querem rescindir o contrato de financiamento e terão que morar de aluguel até que a situação seja resolvida.
"Eu estou meio que sem um norte, vou conversar com minha minha advogada, ver o que que ela me orienta. Vou tentar resolver, conversar com a construtora. Da Caixa eu já tive uma devolutiva negativa, ela não cancela o financiamento. Vamos ver se o seguro vai me amparar".
Há um mês, Alexandre, a esposa e duas filhas conquistaram a tão desejada casa própria, mas na tarde desta quinta, o lamaçal ultrapassou 1 metro de altura e só poupou os moradores, que por sorte não estavam na residência no momento.
“Minha esposa não quer nem mais chegar perto dessa casa. Eu não quero nem mais entrar aqui, então provavelmente eu vou deixar assim. Vou ver se eu vou conseguir algum seguro, alguma coisa, né, que eles cobram esses negócios com peso. Vou ver se vai cancelar o contrato e comprar em outro lugar. Ver o que que eu posso fazer judicialmente."
Para ele, o episódio significa mais que bens destruídos, mas o medo de que a situação volte a se repetir, e, desta vez, com a família dentro da casa.
Não é nem os bens materiais, porque eu sei que isso aí vai e vem. É minha esposa chorando, minhas filhas, é por todo esse transtorno. Se fosse um desastre natural, seria inevitável. Mas isso aí é uma coisa evitável, e todas as partes foram omissas. Essa é a minha indignação, por isso tudo aqui era evitável."
Alexandre comprou a casa por R$ 320 mil e ressalta que a construtora sabia que a rua sofre com alagamentos. De acordo com ele, uma vizinha o alertou a respeito do problema, que já aconteceu em anos anteriores.
“É muito difícil e a gente sonha, batalha, luta, trabalha pra conseguir nossas coisas e acaba tendo um sonho frustrado. A pessoa que vendeu tentou maquiar e, na verdade, não teve uma responsabilidade. Já pensou se eu, se minha filha estamos dormindo no quarto com a minha esposa e acontece um negócio desse, é uma falta de responsabilidade de todos.”
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