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Nem comércio guardado a sete chaves consegue impedir furtos na região central

Empreendedores relatam falta de segurança e invasões aos comércios do Centro de Campo Grande

Idaicy Solano | 09/08/2023 13:55

Onda de furtos na região central de Campo Grande tem tirado o sono de comerciantes e empresários locais. Câmeras e alarmes de segurança, cercas elétricas e concertinas não têm sido o suficiente para manter os comércios a salvo de arrombamentos e furtos.

Marcelo Shiraishi, 40 anos, proprietário de um posto de gasolina na Rui Barbosa, revela que, nos últimos sete dias, o posto foi invadido pelo menos três vezes. Em uma das invasões, a câmera de segurança flagrou o autor utilizando um extintor de incêndio para tentar quebrar a porta de vidro da conveniência.

Assim como várias lojas da região, o posto de gasolina é guardado a sete chaves. Além da cerca, utilizada para fechar as bombas de gasolina, Marcelo também instalou grades em todas as portas e janelas. “A gente vive em um ambiente de guerra. Tem que colocar cerca, concertina".

Você não se sente mais seguro. Eu acordo três da manhã pra ver na câmera se estão mexendo aqui", declara o empresário Marcelo Shiraishi.

A comerciante Elza Siqueira, 62 anos, relata que frequentemente vê os infratores cometerem pequenos furtos em plena luz do dia, debaixo do nariz dos comerciantes. Minutos antes de ser abordada pela equipe de reportagem, relata que o vizinho saiu correndo atrás de um rapaz, que pegou um objeto e saiu correndo.

“Essa semana já fomos arrombados e prejudicados aqui. Estouraram a porta, uma porta de aço que tinha aqui. Levaram minha cafeteira, no valor de R$ 200, e um aparelho de home theater. Em 4 minutos, arrebentaram tudo”, relata a comerciante.

Na madrugada do último domingo (6), uma papelaria na Rua Almirante Barroso também foi arrombada e teve seis mochilhas, duas caixas de som e a quantia de R$ 200 em espécie furtados. A proprietária Eduarda Dalaqua, 23 anos, comenta que já é a segunda vez que consertam as grades da porta.

A primeira tentativa de furto, de acordo com a jovem, foi em abril, quando decidiram colocar reforços na porta. A medida, porém, não funcionou, pois os autores retornaram com novas ferramentas que possibilitaram abrir a porta com facilidade.

Apesar de a loja possuir sistema de monitoramento, a proprietária menciona que, ao analisar as imagens de segurança, percebeu que os ladrões agiram confortavelmente durante o furto. "Eles pararam, olharam, escolheram o que queriam. Não saíram correndo, ficaram normais".

Eduarda colocou reforço nas grades da porta, mas método não adiantou. (Foto: Idaicy Solano)
Eduarda colocou reforço nas grades da porta, mas método não adiantou. (Foto: Idaicy Solano)

Além das lojas, a infraestrutura também sofre com a ação dos ladrões. Na última segunda-feira (7), toda a fiação da iluminação pública da Rua Rui Barbosa, entre as Ruas Marechal Rondon e a Dom Aquino, foi furtada.

O crime foi descoberto pelo comerciante Sérgio Bauer, 55 anos, enquanto varria o chão da lanchonete que administra há 12 anos. "Descobri que os parafusos da tampa estavam soltos ali. Abri a tampa, e não havia mais os fios".

Comerciante achou parafusoso soltos na calçada, e descobriu que fiação havia sido levada. (Foto: Arquivo Pessoal)
Comerciante achou parafusoso soltos na calçada, e descobriu que fiação havia sido levada. (Foto: Arquivo Pessoal)

O comerciante relata que costuma chegar de madrugada para abrir a lanchonete e que frequentemente avistava viaturas da Guarda Municipal em rondas noturnas. Depois que as rondas diminuíram, os furtos aumentaram. "Sempre se viam viaturas passando pelo Centro. Isso sempre nos trazia uma segurança. Depois de um tempo, acabou, nós não vemos mais. Não tem policiamento nenhum”.

A porta dos fundos da lanchonete, conforme relatado pelo comerciante, foi arrombada, e ele relata que tem receio de ir para casa e chegar para trabalhar no outro dia e encontrar o comércio revirado. “Nós estamos à mercê. Onde você vai aqui, está todo mundo assustado".

Investimento não vale a pena - Os comerciantes ouvidos pela reportagem afirmam que investir em comércio no Centro da Capital não vale mais a pena. Além dos furtos, Sérgio Bauer explica que a calçada da Rui Barbosa perdeu o valor comercial após o corredor de ônibus ser construído.

O comerciante observa que as obras que foram feitas no Centro minguaram os estacionamentos e a movimentação dos pedestres. Ele relata que agora os usuários de ônibus, que entravam no comércio a caminho do ponto de ônibus, não transitam mais pela calçada, e os motoristas não têm mais onde estacionar para acessar as lojas.

Nós só perdemos de todas as maneiras. Não tem como os clientes pararem aqui para vir comprar. Então nós não temos segurança, nós perdemos nossos clientes, e nós estamos à mercê”, explica Sérgio.

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Outro ponto levantado pelo comerciante é que os empreendedores estão deixando a região central. "Se você andar na Maracaju, entre a Rui Barbosa e a Pedro Celestino, está tudo abandonado. Vende-se ou aluga-se ou abandonado e invadido por moradores de rua. O comércio está insatisfeito, as pessoas vão mudar para os bairros ou vão fechar porque não aguentam mais".

O empresário Marcelo Shiraishi gasta mais de mil reais por mês com empresas de monitoramento e segurança e declara que o investimento não compensa. "Tem duas empresas que eu invisto em segurança, só que não adianta. Tem que colocar essas grades [nas portas] porque se eu não colocasse eles estouram tudo aqui".

Eduarda Dalaqua, proprietária da papelaria, também revelou que busca um novo endereço para o empreendimento, pois não há segurança na região próxima à antiga rodoviária de Campo Grande. "Eles não se importam se serão pegos. Essa região da rodoviária é muito morta durante a noite".

A reportagem do Campo Grande News procurou a Polícia Militar e a Prefeitura, para questionar a respeito das rondas e da atuação da Guarda Civil Metropolitana na região central, além de questionar a respeito dos fios furtados na Rui Barbosa. Até a publicação da matéria, não houve retorno. Também foram procurados a Polícia Civil e a Polícia Militar, mas não houve retorno.

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