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Nem tudo é maravilha no emprego, mas tem muita gente que trabalha sorrindo

Psicóloga afirma que o trabalho pode ser saudável e algumas pessoas já descobriram isso

Idaicy Solano e Thays Scnheider | 01/05/2023 08:00
Nem tudo é maravilha no emprego, mas tem muita gente que trabalha sorrindo
Com sorriso no rosto, assim Amada atende seus clientes há mais de 15 anos (Foto Paulo Francis)

Trabalhador vive com a cabeça na sexta-feira. Aos domingos, vem o sofrimento antecipado pela segunda-feira, quando a rotina começa de novo. Mas nem para todo mundo é assim. Em alguns casos, o sorriso é presente a semana inteira.

"Amada" deixou de ser Selma Luiza Carvalho quando começou a trabalhar na Padaria Pão & Tal. O apelido carinhoso foi dado pelos próprios clientes, retribuindo a forma como ela chama a todos.

Há 15 anos, ela trabalha ali. Começou na copa e foi exercendo funções diferentes até chegar ao cargo de supervisora. O dinheiro, claro, foi o primeiro motivo para procurar um emprego, depois de muitos perrengues e um drama, a perda de um dos filhos, ainda criança.

Mas ela é do tipo que resolveu deixar tudo de ruim do lado de fora da padaria, para sorrir, sorrir e sorrir à "família" que diz ter encontrado entre os clientes.

"Cheguei aqui na pior fase da minha vida, recém-divorciada com um filho adolescente para criar, mas nunca deixei de tratar bem os clientes, aqui fiz amizades que posso contar para o resto da vida. Quando comecei a trabalhar cursava Psicologia. Por conta das dificuldades tive que trancar o curso, mas hoje sou uma psicóloga aqui. Tem clientes que me ligam e diz: 'pode me atender? Preciso conversar', sentamos e conversamos, a pessoa acaba saindo mais leve", relatou.

Graças aos anos dedicados, Amada conseguiu realizar o sonho da casa própria e abrir uma empresa para o filho no ramo da agronomia.

Com alegria legítima no rosto durante toda a entrevista, Amada conta como é trabalhar com o público e não romantiza a rotina, porque também fecha a cara quando o cansaço chega ou algo na engrenagem apresenta falhas. "Nem todos os dias são 'flores', mas eu tento ser leve ao máximo".

Nem tudo é maravilha no emprego, mas tem muita gente que trabalha sorrindo
Odenildo trabalhando vendendo pipoca na região central de Campo Grande há 44 anos. (Foto: Alex Machado)

Para quem já deveria estar aposentado, trabalho pode ser terapia. Odenildo Vilagra, de 70 anos, vende pipoca na região central de Campo Grande. Há 44 anos no ramo, o ambulante conquistou clientela fiel e declara que não se imagina fazendo outra coisa na vida. "Todos os dias estou aqui no mesmo lugar. Atender as pessoas é o meu prazer".

Celso Martins, de 67 anos, trabalhou por 10 anos como bancário e, após se aposentar, virou mototaxista. Conhecido no ponto entre a 14 de Junho e a Dom Aquino, Celso indica o que pode ser o caminho para a felicidade no trabalho.

Assim como Amada e Odenildo, conhecer várias pessoas e fazer novas amizades todos os dias é a fórmula. "São 22 anos percorrendo Campo Grande, mesmo com a loucura do trânsito, gosto do que faço”.

Maria Augusta, de 48 anos, é curiosa e criativa, características que a levaram a iniciar cedo na carreira de costureira, aos 15 anos de idade. Inspirada pela mãe, descrita como “costureira de mão cheia” pela filha, Maria se orgulha de seguir os passos dela.

Com agulha e linha na mão, ela mostra outro rumo que transforma trabalho em realização. A felicidade vem em “costurar” sonhos. "Minhas maiores alegrias na profissão foi poder fazer o vestido de noiva da minha filha e o vestido de aniversário de um ano da minha neta”.

Nem tudo é maravilha no emprego, mas tem muita gente que trabalha sorrindo
Em seu local de trabalho, Celso declara que conhece várias pessoas e faz muitas amizades. (Foto: Alex Machado)


A psicóloga do trabalho Vanessa Freitas diz que o segredo está em “escutar o som do seu coração”.

Por anos a sociedade repete aquela cultura sofrida, que vende o trabalho como algo que “dá trabalho”, e visualiza a atividade laboral como algo punitivo. Mas antes de buscar dinheiro, ela ensina que é preciso autoconhecimento para identificar quais as habilidades e vocações de cada um. É a chance de ter uma rotina com mais prazer e menos frustrações.

"Não deve ser só para sobreviver, por obrigação. O trabalho é um dos pilares da nossa vida, então ele tem que estar atrelado ao que a gente ama fazer. Em um conceito de autocuidado, são três pilares que a gente precisa prestar muita atenção: o que eu conheço de mim, com quem eu me relaciono e o que eu produzo”.

Outro ponto importante para atingir um bom relacionamento com o trabalho é o entrosamento do profissional com o ambiente. “Nesse mundo competitivo, a gente tem que entender que trabalho não é competição, é cooperação. Trabalho é para ser algo sadio, tem que escutar muito o som do seu coração".

Nem tudo é maravilha no emprego, mas tem muita gente que trabalha sorrindo
A psicóloga do trabalho Vanessa Freitas fala sobre como ser feliz no trabalho.


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