Pais, alunos e professores protestam contra fim do ensino médio em escola
Cerca de 80 pessoas reuniram-se com cartazes em frente à Escola Estadual Professor Henrique Cirilo Correa
Um grupo de cerca de 80 pessoas, formado por pais, alunos e professores protestaram, na manhã desta sexta-feira (23) contra o encerramento das turmas de ensino médio na Escola Estadual Professor Henrique Cirilo Correa, no Bairro Vila Rica. Eles relatam“surpresa” com a notícia da SED (Secretaria Estadual de Educação) e defendem que a escola apresenta rotina exemplar, envolvida em diversos projetos com os alunos.
É o que declarou a presidente do colegiado escolar, Juliana de Moura. Ela afirma que os alunos e pais ficaram sabendo da mudança quando foram realizar a matrícula online. Juliana afirma que a justificativa oferecida foi o número de alunos, poucos se comparados com outros colégios.
Conforme explicou, cada turma do ensino médio tem cerca de 40 anos. Os estudantes, defendeu ela, são muito produtivos. Na escola há campeonato de diversas habilidades, como karatê, robótica e artes. Uma das alunas, contou, ocupou posição de destaque na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Aos gritos de “o ensino médio é nosso”, o grupo carregava cartazes em frente à escola. A preocupação da presidente do colegiado, além disso, é com os alunos especiais que estudam no colégio. Juliana afirma que não sabe se terão acompanhamento. A Escola, relata ela, não registra problemas com drogas ou álcool.
“Esse protesto partiu dos pais que ficaram indignados. É uma preocupação da escola para onde vão ser encaminhados”, comentou. Agora, ela pretende acionar os sindicatos de professores para tentar diálogo junto com a SED.
Confira o vídeo do protesto:
Mãe de uma aluna do segundo ano do ensino médio, Silvania Oliveira Souza, 42, afirma que já é a segunda vez que a filha tem que mudar de escola. “É um absurdo, estamos muito revoltados e não vamos aceitar isso. Todo mundo sabe que não é fácil conseguir matrícula em escola pública e não é fácil ter uma escola pública de qualidade e essa é uma escola de qualidade. Meu outro filho já estudou aqui e agora está na faculdade”, comentou.
É que também afirmou Fabiane Lucas Porta, 44, que tem uma filha cursando o segundo ano do ensino médio na escola. “Estou com medo porque minha filha é muito bem acolhida, os professore são ótimos e se o aluno vai mal a direção liga para a família para saber o que está acontecendo”, contou.
Fabiane afirma que deixa a filha no local “com tranquilidade” e agora teme não conseguir vagas em outra escola. “É uma escola rígida, com ensino bom. A diretora e os professores têm contato direto com os pais”, explicou.
Os dois filhos de Darlene Vera Vitória, 34, estudam no colégio e se destacaram nas competições de robótica e karatê da escola. “Vamos continuar lutando, queremos dialogar direto com a secretaria, porque não perguntaram a opinião dos pais antes”, declarou.
Segundo a mãe, os pais investiram na escola, e com recursos de bingo e rifas, conseguiram melhorar a estrutura, ao comprar ar condicionado para as salas que não tinham o equipamento e um quadro branco. “Investimos na escola para os nossos filhos não usufruírem”, relatou.
Aluno do terceiro ano do ensino médio, Bernardo Algusto, 18, conta que apesar de ser novo na escola, já que veio do Rio de Janeiro para estudar, participa da mobilização por não achar justo acabarem “com um ensino médio tão bom quando esse da escola”. “Vamos continuar fazendo barulho até alguém nos ouvir”, comentou.
O que diz a SED – Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Educação afirma que a mudança ocorreu após estudos que levaram em consideração uma série de critérios. A Escola, segundo a pasta, agora vai funcionar com ensino fundamental integral.
Número de alunos e a demanda pelas turmas, explicou a assessoria de imprensa, estão entre os critérios analisados. Os alunos do ensino médio, conforme a pasta, vão ser encaminhados para a Escola Maria Luiza Bocaiuva.
A escola, segundo a SED, tem áreas livres que podem ser ocupadas pelos novos alunos. A secretaria enfatizou que o fim do ensino médio já havia sido comunicado há algum tempo e que a mudança não é brusca.