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Capital

Perita levanta suspeita sobre colega, que nega ter ‘plantado’ provas

Desconfiança veio à tona durante audiências do processo contra PRF; servidores foram colocados frente a frente

Anahi Zurutuza e Adriano Fernandes | 11/04/2017 19:45
PRF acompanhou depoimentos e deixou Fórum escoltado (Foto: Alcides Neto)
PRF acompanhou depoimentos e deixou Fórum escoltado (Foto: Alcides Neto)

Durante acareação, na tarde desta terça-feira (11), a perita criminal Karina Rebulla Lairtart, responsável pela análise na caminhonete do empresário morto por Ricardo Hyun Su Moon, levantou a suspeitas sobre o colega Domingos Sávio Ribas. Segundo ela, foi o perito quem a levou de volta até a Toyota Hilux no dia 4 de janeiro, quando maçaricos foram encontrados no veículo.

Sávio é um dos alvos da sindicância aberta pela Coordenadoria de Perícias para apurar o “aparecimento” dos flambadores de sushi no carro de Adriano Correa do Nascimento, de 33 anos.

Um dos peritos mais antigos no Instituto de Criminalística da Capital, ele foi dispensado do cargo de diretor do Departamento de Apoio Operacional no dia 1º de março, conforme consta no Diário Oficial do Estado.

Frente a frente – A perda da função de confiança também veio à tona durante audiências que foram marcadas justamente para esclarecer o “surgimento” dos maçaricos, que se parecem com armas, depois que a perícia na caminhonete havia sido concluída.

Sávio e a perita foram colocados frente a frente na tarde desta terça-feira (11) e deram seus depoimentos para o juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.

Karina Rebulla relatou em juízo que no dia 4 de janeiro deste ano, quando ela finalizava os relatórios, Sávio contestou uma de suas conclusões.

Na versão dela, por conta disso, a servidora, o colega e o agente de polícia científica Valdinei Ferreira Nunes voltaram até o automóvel e ao abrirem a porta, encontraram os maçaricos no assoalho dianteiro em frente ao banco do passageiro.

Imediatamente, ela foi até a diretoria do Instituto de Criminalística da Capital e fez questão, depois, de informar a situação no relatório final.

Karina confirmou que uma sacola com duas garrafas de Catuaba realmente estavam na caminhonete no dia 31 de dezembro, quando a perícia prévia foi feita no local da morte de Adriano. Mas, garantiu que os flambadores não.

“Naquele momento, a minha certeza era de que aquilo tinha sido colocado ali. Eu tinha certeza de que não estava naquele local durante todo o procedimento”, garantiu.

A perita contou ainda que o colega chegou a revelar para ela que é amigo de Renê Siufi, advogado de “Coreia”, situação que também considera suspeita. Ela garante ter como provar a afirmação por meio de uma conversa de WhatsApp.

Neste momento, o defensor do PRF interferiu e negou ser amigo de Sávio. “É uma acusação leviana”.

Já Sávio lamentou ser visto como suspeito, embora diga que ninguém fez acusações claras contra ele e que colegas apenas “deixam a entender”. Ele questiona a forma como a análise de trajetória dos tiros foi feita pela colega e destacou que trabalha há 15 anos na Coordenadoria de Perícias, que é uma pessoa respeitado pela vasta experiência no ramo. 

Ricardo Hyun Su Moon acompanhou depoimentos (Foto: Alcides Neto)
Ricardo Hyun Su Moon acompanhou depoimentos (Foto: Alcides Neto)
Renê Siufi, advogado do PRF (Foto: Adriano Fernandes)
Renê Siufi, advogado do PRF (Foto: Adriano Fernandes)

Outras audiências – Ainda não há qualquer conclusão sobre a suspeita de que provas tenham sido “plantadas”. Mas, antes da acareação, dois agentes de polícia científica e o delegado que esteve no local da morte reforçaram a suspeita.

Um dos servidores afirmou que o pátio do Instituto de Criminalista não tem qualquer segurança.
Enilton Pires Zalla, o delegado, chegou a dizer que o aparecimento dos flambadores corrobora com a tese usada pela defesa de Moon de que o policial teria avistado algo parecido com uma arma com os passageiros da caminhonete e por isso, atirou. “A meu ver, esta hipótese só foi levantada pelo ao autor [policial] depois que ele teve o contato o advogado dele, no dia do crime”.

As audiências de hoje começaram às 15h e só terminaram por volta das 19h30.

Nesta quarta-feira (12), os advogados de “Coreia” e a acusação fazem perguntas à testemunhas escolhidas pela defesa do PRF, que só será ouvido no dia 19.

Caminhonete está apreendida desde 31 de dezembro (Foto: Alcides Neto/Arquivo)
Caminhonete está apreendida desde 31 de dezembro (Foto: Alcides Neto/Arquivo)

O caso – Adriano Correia do Nascimento, que era dono de restaurantes de comida japonesa na Capital, conduzia uma Toyota Hilux quando foi morto na madrugada de 31 de dezembro do ano passado, um sábado, na avenida Ernesto Geisel.

Na versão do policial, que era lotado em Corumbá e seguia em um Mitsubishi Pajero para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e ele fez a abordagem após ter sido fechado.

Nos depoimentos, ele reforçou que sempre se identificou como policial e disse que avistou um objeto escuro no veículo do comerciante.

Ricardo Moon, 47 anos, foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos, passageiros da caminhonete.

A denúncia do MPE (Ministério Público do Estado) chegou dia 23 de janeiro à 1ª Vara do Tribunal do Júri .

O PRF foi preso em 31 de dezembro e solto no dia seguinte. No dia 5 de janeiro, voltou a ser preso e deixou a prisão no dia primeiro de fevereiro.

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