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Capital

Piloto que salvou apresentadores globais volta a voar só em setembro

Antonio Marques | 24/06/2015 17:11
Acidente completa um mês e o piloto Osmar Frattini espera voltar a voar a partir de setembro (Foto: Fernando Antunes)
Acidente completa um mês e o piloto Osmar Frattini espera voltar a voar a partir de setembro (Foto: Fernando Antunes)

Um mês depois do acidente com o bimotor EMB 820 C – Caraja, da MS Taxi Aéreo, que transportava a família do apresentador Luciano Huck e fez um pouso forçado em uma fazenda próxima a rodovia MS 080, em Campo Grande, o piloto Osmar Frattini, 52 anos, considerado herói por ter evitado uma tragédia, está contando os dias para voltar a voar, o que deve acontecer a partir de setembro. Sem salário para cobrir as despesas mensais de casa, ele vai devolver o carro ao banco.

Em entrevista ao Campo Grande News, Frattini disse que não indica a profissão de piloto a ninguém, pelo fato de ser uma carreira mal remunerada e sem reconhecimento no mercado. Citou que um comandante de uma empresa comercial de um avião de passageiro bimotor, como o modelo ATR, recebe cerca de R$ 6,4 mil mensais, enquanto um piloto de um Boeing recebe pouco mais de R$ 18 mil e passa maior parte da vida longe da família.

Osmar Frattini, que tem 31 anos de carreira, disse que continua funcionário da empresa MS Taxi Aéreo recebendo o salário base de R$ 2.312,00 mensais e aguardando os procedimentos exigidos pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para poder voltar a voar, o que deve acontecer a partir de setembro. “Já realizei todos os exames de saúde e fui aprovado. Está tudo normal. Agora aguardo a definição do agendamento do treinamento e check para retornar ao trabalho”, explicou.

Segundo o piloto, que já acumulou mais de 9 mil horas de voo, trabalhando normalmente conseguia um salário de pouco mais de R$ 13 mil mensais, que era suficiente para manter a família e seus dois filhos nas faculdades de Medicina e Direito. Porém, parte do valor correspondia a comissão conforme o número de horas voadas no mês. “A maior parte dos pilotos de táxi aéreo tem o valor do piso e o cargo em comissão, que varia de acordo com a escala de voo e horas voadas”, comentou.

Sem voar, Frattini teve redução no vencimento em mais de 82%, o que o deixou bastante preocupado, considerando que deve esperar pelo menos mais dois meses para voltar ao trabalho. “Estou devolvendo o carro, que é financiado ao banco”, revelou. Ele ficou sem condições de pagar a parcela de R$ 1.036 mensais e hoje venceria a segunda parcela em atraso.

Para poder voltar a voar, Osmar Frattini aguarda a Anac agendar a data do treinamento, que ele acredita acontecer a partir de 20 de julho. Por conta do acidente, Osmar teve a carteira profissional suspensa, medida normal na aviação. Então, ele faz treinamento como piloto novato e deve enfrentar 12 de voo sob a supervisão de um instrutor. Concluída esta parte, que deve ser oficializada pela empresa à Anac, Osmar poderá solicitar o check à Agência, que enviará um checador para realizar um voo, um tipo de exame prático. “Sendo aprovado, aí sim estarei liberado a voar de novo”, reiterou.

Sobre o acidente, Osmar disse que as investigações do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronaúticos) vão apontar as causas e que ele não pode comentar o assunto, mas tem certeza que agiu com responsabilidade para evitar uma tragédia. “Consegui pousar em um único espaço disponível nas proximidades e em menos de 150 metros. Pena que havia uma curva de nível no pasto e o impacto foi mais forte do que o esperado, o que provocou alguns ferimentos”, lembrou.

Em relação aos passageiros, os apresentadores globais Luciano Huck, Angélica e seus três filhos, as babás Marcileia Eunice Garcia, Francisca Clarice Canelo Mesquita, Osmar disse que não teve mais contato com eles, diferente da relação com o co-piloto, José Flávio de Souza Zanatto, com quem ele tem conversado frequentemente e está na mesma situação que ele, “tocando a vida, graças a Deus que nos deu nova oportunidade”, concluiu.

Investigação - De acordo com a assessoria da FAB (Força Aérea Brasileira) as investigações estão em fase inicial e ainda não é possível apresentar conclusões, considerando a necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes para o evento garante a liberdade de tempo para a investigação. Dessa forma, segundo a FAB, não há prazo definido para a conclusão de qualquer investigação conduzida pelo CENIPA, dependendo sempre da complexidade do acidente.

“É importante ressaltar que os acidentes aeronáuticos ocorrem por uma sequência de fatores contribuintes encadeados. Esses fatores são divididos em operacional, material e humano”, explica a nota da assessoria da Aeronáutica, acrescentando que por ter a missão de prevenir acidentes aeronáuticos, à medida que identifica um fator contribuinte, o Cenipa emite uma Recomendação de Segurança para evitar novos acidentes

De acordo com a FAB, o documento oficial de uma investigação é o Relatório Final, que resgata o histórico da ocorrência, apresenta as informações factuais, análise dos elementos de investigação, conclusões e as recomendações de segurança. Ao término, esse documento é divulgado no site do órgão (www.cenipa.aer.mil.br) para acesso público.

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