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Capital

Polícia está pronta para megaesquema de segurança em júri “da década”

Apesar de fugirem à rotina, dias no Fórum devem ser tranquilos, acredita secretário de Segurança

Anahi Zurutuza e Ângela Kempfer | 23/06/2023 13:47
Antonio Carlos Videira, secretário de Justiça e Segurança Pública, em entrevista. (Foto: Álvaro Rezende/Governo de MS/Divulgação)
Antonio Carlos Videira, secretário de Justiça e Segurança Pública, em entrevista. (Foto: Álvaro Rezende/Governo de MS/Divulgação)

Para o secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, apesar das especificidades, os dias 17, 18, 19 e 20 de julho devem transcorrer com tranquilidade no Fórum de Campo Grande, no que depender das forças estaduais de segurança. O chefe da Sejusp conversou com o Campo Grande News durante café da manhã oferecido pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) à imprensa.

Videira evitou dar opiniões sobre o julgamento de Jamil Name Filho, figura de família conhecida da sociedade campo-grandense, que no próximo mês, se nenhuma reviravolta judicial acontecer, deve se sentar pela primeira vez no banco dos réus na Capital desde que foi alvo da Operação Omertà, preso e levado para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN), no fim de 2019.

Como manda o figurino, o titular da Sejusp foi protocolar. “Acho que o papel da segurança pública foi na investigação [tocada por força-tarefa da Polícia Civil], o Ministério Público teve o papel dele no oferecimento da denúncia e agora, isso está com o Judiciário, defesa e acusação, nessa fase, que já não é mais inquisitória”.

O secretário afirmou, contudo, que a secretaria está pronta para atender a Justiça no que ela precisar. “O Judiciário, toda vez que julga necessário robustecimento da segurança, a gente disponibiliza toda a estrutura, a exemplo de outros julgamentos que tivemos”.

Para assegurar a proteção do entorno do Fórum nos dias do júri popular, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, que presidirá os trabalhos, pediu apoio à PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul). Ofício enviado ao Comando-Geral, no dia 3 de maio, solicita “providências necessárias para que a força pública fique à disposição deste juízo a fim de garantir a segurança interna e externa do prédio do fórum no julgamento dos acusados Jamil Name Filho, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios”.

O Batalhão de Polícia Militar de Guarda e Escolta da PMMS acusou o recebimento da solicitação, mas por motivos óbvios, detalhes do megaesquema de segurança ficarão em segredo.

Foto do plenário do Tribunal do Júri, onde devem ser julgados os réus pelo assasinato de Matheus, em 2020, na primeira audiência do caso. (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
Foto do plenário do Tribunal do Júri, onde devem ser julgados os réus pelo assasinato de Matheus, em 2020, na primeira audiência do caso. (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

Escolta pesada – Em entrevista ao Campo Grande News, que foi ao ar no dia 7 de junho, Aluízio Pereira dos Santos se lembrou de julgamentos anteriores que necessitaram de segurança diferenciada, como quando são julgados integrantes de facções criminosas.

Em 2005, quando José Márcio Felício, um dos fundadores do PCC (Primeiro Comando da Capital), conhecido como “Geleião”, foi condenado a 8 anos de prisão por homicídio em cela do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a “Máxima” de Campo Grande, o aparato de segurança chamou a atenção.

Talvez nunca tivesse sido visto no Fórum de Campo Grande, já que só quatro anos depois se repetiu, quando Fernandinho Beira-Mar – um dos mais conhecidos traficantes brasileiros e liderança no Comando Vermelho – foi levado a júri na Capital.

“Geleião”, nessa época, estava em prisão do interior de São Paulo. Foi trazido sob escolta pesada. “Ele tinha pena para cumprir para o resto da vida e um detalhe curioso, muito curioso mesmo, que eu nunca tinha visto na vida, foi que o réu falou assim: ‘Dr., eu não quero ser defendido. Pode me condenar, vê aí quantos anos’. A gente estranhou aquilo”, narrou Pereira dos Santos.

O juiz revelou na entrevista que só entendeu a situação depois, quando o julgamento se estendeu a ponto de não ser possível mais levar o preso de volta à penitenciária em São Paulo, no mesmo dia. “Pediram para que ele pudesse pernoitar aqui no Fórum e não era possível. Ele foi levado para presídio aqui e a condição era que nenhum preso soubesse, no máximo sigilo. No dia seguinte, descobriram que ela havia passado por lá e teve um quebra-quebra. Então, quando ele pediu para não haver defesa, era porque ele queria ir embora no mesmo dia, sabia que estava em risco”.

O júri “da década” – Os preparativos para os quatro dias mais movimentados, ao menos da década, no Fórum de Campo Grande, começaram mais de 1 meses antes de 17 julho. Assim que soube que já poderia reagendar o julgamento de Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, acusado de liderar milícia armada que tinha planos para “matar de picolezeiro a governador” em Mato Grosso do Sul, no dia 2 de maio, o titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri começou a organizar o júri popular.

O primeiro despacho do magistrado já registrava a “necessidade de adotar regras que fogem da rotina”.

O principal alvo Operação Omertà – que mirou organização criminosa com características de máfia, dedicada a execuções como forma de manter o poder –, é acusado de ser o mandante do assassinato a tiros do acadêmico de Direito, Matheus Coutinho Xavier, conforme a acusação, morto por engano no lugar do pai, Paulo Roberto Teixeira Xavier, desertor do grupo.

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