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Capital

Polícia planeja reconstituição para confrontar versões sobre assassinato

Após laudo preliminar da perícia confirmar número de tiros dados por policial rodoviário federal, locais atingidos e direção, objetivo é entender a dinâmica dos fatos antes do inquérito ser concluído

Rafael Ribeiro | 04/01/2017 09:25
Investigação ainda espera por laudos complementares da perícia e novos depoimentos (Foto: Alcides Neto)
Investigação ainda espera por laudos complementares da perícia e novos depoimentos (Foto: Alcides Neto)

A Polícia Civil planeja realizar junto dos peritos nas próximas semanas uma reconstituição dos fatos que levaram o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, a matar a tiros o empresário Adriano Correia do Nascimento, 33, no último dia 31 de dezembro, na avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande.

Laudo preliminar revelado na terça-feira (3) pela polícia mostrou que sete tiros foram disparados por Moon. Nascimento foi atingido por cinco deles – dois no braço esquerdo, um no pescoço, um no tórax e outro no abdômen – e morreu na hora.

Os outros dois disparos atingiram o adolescente que acompanhava a vítima, de 17, nas pernas. Como ele já recebeu alta médica, deverá ser o próximo a ser ouvido formalmente no 1º DP (Centro), onde o caso é investigado.


Segundo apurou o Campo Grande News, a avaliação inicial da perícia apontou a posição do policial e a distância que foram dados os tiros. Três deles acertaram o para-brisa da caminhonete Hilux branca do empresário. Os outros quatro, as laterais. Um indício para entender a dinâmica do crime.

Os investigadores buscarão com a reconstituição que Moon e as vítimas sobreviventes - incluindo o pai do adolescente, ainda internado na Santa Casa, em observação – demonstrem na prática a seqüência de ações ocorridas no dia e as versões dadas em depoimento sejam confrontadas.

O objetivo inicial, no entanto, é ouvir todas as testemunhas cruciais e ter acesso ao máximo de laudos da perícia possíveis antes de agendar, de fato, a atividade. Por isso não há data definida.


“A polícia está trabalhando com três vertentes: se vai permanecer o indiciamento pelo homicídio.
Se vai verificar se houve legítima defesa, porque daí não prosperaria o indiciamento por homicídio ou se seria legítima defesa, mas com excesso. Ele responderia pelo excesso”, disse a delegada Daniella Kades, responsável pelo caso, na última terça-feira.


A polícia trabalha para concluir o inquérito em até 30 dias. Procura identificar testemunhas que filmaram o ocorrido e ligaram para a Polícia Militar para colher mais depoimentos. Até agora, apenas a funcionária de uma casa noturna onde as vítimas festejavam o aniversário do adolescente foi ouvida para o inquérito. Novos depoimentos podem ser colhidos nesta quarta-feira (4).

Crime - Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá (a 419km de Campo Grande), seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.

Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.

O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo havendo policiais militares no local. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.

Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas.

Liberdade - Apesar de indiciado pela Polícia Civil, Moon responderá o processo em liberdade após a Justiça negar neste domingo (1) o pedido de prisão preventiva por 30 dias. O policial está proibido de viajar e portar armas, além de ser obrigado a passar as noites em casa.

A Corregedoria da PRF também investiga o caso. Afastou Moon de suas atividades, apreendeu sua arma de trabalho e fará uma perícia complementar própria dos fatos.

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