População protesta contra descaso da prefeitura e demora em recapeamento
Cansados com o descaso da Prefeitura de Campo Grande, no início desta manhã (7), dezenas de moradores bloquearam a Avenida Guaicurus e colocaram fogo em pneus para protestar contra o péssimo estado de conservação da via. Eles exigem o recapeamento urgente e obras de drenagem para por fim aos alagamentos na região.
O protesto está concentrado no cruzamento da Guaicurus com a Rua Filomena Segundo Nascimento, na região do bairro Campina Verde. As duas pistas estão interditadas. A fumaça preta produzida pela queima dos pneus é visualizada de longe. Uma equipe da Polícia Militar e outra do Corpo de Bombeiros estão no local.
Em cavaletes, os manifestantes afixaram placas com dizeres de protesto: “Político não é autoridade, é servidor público pago por você”, “Agora eu sei o q significa zona eleitoral, não se iluda com obras no ano de eleição”; “Os políticos deviam ter medo de criar um povo que não tem nada a perder”; “A miséria não acaba porque serve de campanha política”.
Os moradores reclamam que a reivindicação para solucionar os problemas da avenida é antigo e já se passaram vários políticos a frente da prefeitura, porém nenhuma ação concreta foi tomada. Até o prefeito Gilmar Olarte (PP), no cargo há cerca de 25 dias, foi criticado no evento.
O borracheiro Ronaldo de Oliveira, 47 anos, mora na região há 16 anos. Ele conta que nesse período testemunhou a deterioração da via, mas que não viu nenhuma providência do poder público ao longo dos anos para evitar os problemas estruturais da avenida.
Oliveira elenca o que os moradores querem que seja feito. “Queremos drenagem, recapeamento e iluminação”. Ele afirma que está cansado de ter o carro danificado por causa dos buracos. "Fora que quando chove tem o problema dos alagamentos”, reclama.
Diante da situação critica da avenida, o mecânico Antonio Carlos Martins, 49 anos, usa o humor para reclamar. “A Guaicurus é conhecida como Buracorus ou demolidor de carros”, brincou. Ele disse que para a população se organizar, fazer um protesto e colocar fogo em pneus é porque a situação está bastante precária. “Cansamos de tantas promessas e ninguém fazer nada. Moro aqui há 13 anos e já vi muita promessa, principalmente em época de eleição. Já veio muito dinheiro pra cá que foram desviados pelos políticos corruptos”, afirmou.
O pedreiro Gelson Salino de Souza, 45 anos, mora no bairro Moreninhas, mas utiliza a avenida todos os dias para levar ao esposa ao trabalho. Ele reclama que constantemente tem que levar a moto para manutenção por conta dos danos causados pelos buracos na avenida. “De 15 em 15 dias minha moto está no mecânico. Gasto entre R$ 60 e R$ 70 com manutenção a cada ida”.
O atual prefeito, Gilmar Olarte, não foi poupado das criticas. “Tem quase um mês que o Olarte assumiu a prefeitura e disse que em 15 idas iria começar a obra de recapeamento e até agora não aconteceu nada”, afirmou. Ele reclama que os problemas na região não se restringem só a avenida. O secretário municipal de Infraestrutura, Semy Ferraz, está no cargo desde janeiro do ano passado.
“Os moradores estão cansados de descaso dos governantes. Entre e sai prefeito e continua a mesma promessa. Fora a questão dos buracos e da enxurrada, tem os acidentes que acontecem direito. Não tem sinalização nenhuma na via. O posto de saúde do Itamaracá não tem médico. Esse dias uma parente foi consultada por uma enfermeira. A mossa alternativa é recorrer à UPA Universitário que acaba ficando lotada”.
A manicure Patrícia Bruna dos Santos, 23 anos, relata que na última chuva que atingiu a região estava transitava pela Guaicurus e quase foi arrastada pelas águas. Segundo ela, é um perigo seguir pela avenida em dia de chuva. “ Como fica tudo alagado, é perigoso cair em buraco”.
Os manifestantes relataram que o protesto só irá acabar quando o prefeito, vereador ou alguma autoridade for até o local e ouvir a reivindicação dos moradores. Enquanto isso, mais pneus são levados para o avenida e estão sendo queimados.
Atrasar - A Prefeitura informou, por meio da assessoria de imprensa, que a licitação foi concluída e homologada. No entanto, o início da obra depende da conclusão de análise técnica sobre o orçamento para a execução do recapeamento.
O secretário Semy Ferraz explicou, também por meio da assessoria, que o início da obra pode atrasar em decorrência da necessidade de suplementação orçamentária. O objetivo é saber de onde será retirado os R$ 9 milhões para executar o recapeamento.