Preso ensanguentado diz que será morto e protesta no telhado do Instituto Penal
Homem está aparentemente ferido e grita pedindo direitos humanos
Com gritos de protesto pedindo direitos humanos, um preso ensanguentado chamou a atenção no telhado do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), localizado no Jardim Noroeste, na manhã deste domingo (23). Famílias que esperam para visita se assustaram com a cena.
Ao Campo Grande News, uma auxiliar de serviços gerais, de 44 anos, que dorme na fila para esperar o horário da visita ao marido, afirmou que o tumulto começou por volta de 7h30. "Apareceu um preso no telhado com o rosto cheio de sangue", descreve.
Ele conseguiu acessar o telhado durante o "confere" de presos. O rapaz estava com os dois chinelos nas mãos e andava de um lado para o outro. Entre os gritos, segundo testemunhas, ele pedia direitos humanos na unidade.
A auxiliar relata ter medo e pede ajuda. "Tinha gente gritando que ele estava na mira de um fuzil", conta. "Uma amiga minha teve o esposo assassinado e ela só ficou sabendo no dia da visita. Os presos da penal são jogados como lixo", completa a mulher.
Desceu - O capelão Nilo Henrique, de 37 anos, estava chegando na unidade como faz todos os domingos, quando se deparou com a situação.
Com uma caixa de som e microfone, passou a intermediar para que o preso descesse. "Eles estão embaixo e vão me matar", dizia o rapaz. "Falou que ia dar um jeito de pular e começar um motim daqui de fora", descreve Nilo.
Após alguns minutos de conversa, o detento desceu do telhado. Ele recebe atendimento médico na unidade porque está ferido. Informações apuradas pela reportagem são de que o rapaz foi agredido por outros presos durante a madrugada e para não morrer tentaria fugir.
Enquanto a reportagem estava em frente ao IPCG, famílias aproveitaram para fazer denúncia. "Espancaram dois presos e como não morreu, envenenaram", afirma uma mulher que pediu para não ter o nome divulgado por medo.
Fila - Por conta da situação, as famílias ainda não conseguiram entrar para a visita e uma grande fila se formou em frente à unidade. Não há informações de quando elas serão liberadas para a visita.
Procurada, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que a situação está sob controle e que irá apurar as circunstâncias. "O referido interno está isolado em cela disciplinar. A direção do presídio irá apurar as circunstâncias, mas a suspeita é que tenha ocorrido uma briga entre os internos", explicou.
Sobre a denúncia de famílias, a pasta diz que podem ser feitas através da Ouvidoria da Agepen: ouvidoria@agepen.ms.govbr. "O IPCG é uma unidade prisional com várias frentes de trabalho, ensino desde a alfabetização ao ensino superior, projetos de leitura e de enfrentamento à dependência química, entre várias outras atividades voltadas ao tratamento penal e à ressocialização", finaliza.
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