Promotor arquiva acusação contra um dos presos pelo assassinato de Mayara
Clóvis Smaniotto alega que não há provas de que Ronaldo Olmedo traficasse drogas; Promotor também recusou recomendação para soltura de receptador de Gol e endureceu acusações contra Luizinho
O promotor Clóvis Amauri Smaniotto, titular da 17ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, pediu o arquivamento da denúncia de tráfico de drogas e recomendou a soltura imediata de Ronaldo da Silva Olmeido, o ‘Chachorrão’, 30 anos, peça que foi enviada na última sexta-feira (11) ao juiz da 4ª Vara Criminal da Capital, Wilson Leite Correa, que ficará responsável a partir de agora dos desdobramentos da morte da musicista Mayara Amaral, 27, ocorrido no final de julho.
Ao Campo Grande News, Smaniotto disse por telefone não foram encontradas provas concretas da participação de ‘Cachorrão’ em nenhuma etapa do crime.
“Não há nenhuma evidência. O acusaram de tráfico, mas esse tipo de crime precisa de materialidade e nada foi localizado, seja nos celulares apreendidos ou na busca e apreensão realizada em sua casa”, explicou o promotor.
A reportagem não conseguiu contato com a advogada Muriel Flávia Godoi, que desde a última semana é a representante legal de ‘Cachorrão’ para comentar a decisão da Promotoria.
Um desfecho certamente positivo a um dos suspeito, apontado no início da elucidação do caso pela Polícia Civil até que estaria presente no quarto do motel onde o também músico Luís Alberto Bastos Barbosa, 29, assassinou Mayara e depois na tentativa de queimar o corpo.
Desfecho – O arquivamento das denúncias contra ‘Cachorrão’ não foi a única mudança de Smaniotto no inquérito final da delegada Gabriela Stainle, da Defurv (Delegacia Especializada no Furto e Roubo de Veículos), sobre o crime.
Diferente do que considerou a polícia, o promotor descartou a possibilidade do pedreiro Anderson Sanches Pereira, 31, indiciado por receptação, responder o crime em liberdade. “O pedido está embasado por vários fatores”, resumiu Smaniotto.
Pereira, ‘Cachorrão’ e Barbosa estão presos no Presídio de Trânsito da Capital, no Jardim Noroeste (zona leste) desde a semana retrasada. No último dia 8, o pedreiro chegou a chorar no cárcere ao saber que a delegada havia recomendado sua soltura pelo fato do crime pelo qual foi indiciado ser considerado de menor potencial ofensivo.
Na última semana, o advogado Ilton Hasimoto, que representa Pereira, havia considerado a possibilidade do Ministério Público Estadual e a Justiça não aceitarem a recomendação de Gabriela e por isso preparava um pedido de liberdade provisória para seu cliente.
A denúncia de Smaniotto e a soltura ou não dos dois suspeitos ainda depende de parecer do juiz Wilson Leite Corrêa, da 4ª Vara de Justiça Criminal, que deve se posicionar até o fim desta semana, informaram funcionários do gabinete do magistrado.
‘Luizinho’ – Sobre o principal autor e mentor do crime, Barbosa, o promotor reforçou as acusações feitas pela Polícia Civil. O músico foi denunciado por latrocínio (morte em assalto) duplamente qualificado, motivado por motivo fútil e uma prerrogativa da Lei Maria da Penha que prevê a qualificação para casos em que as mulheres vítimas mantenham qualquer tipo de relacionamento com o autor.
“A Lei Maria da Penha é clara ao possibilitar a utilização dessa qualificação para uma série de crimes, entre eles o latrocínio”, disse Smaniotto.
Além do latrocínio, o promotor também acusou Barbosa de ocultação e destruição parcial de cadáver, também com duas qualificadoras, uma pela tentativa de obter vantagem e inocência no crime, e outra pelo risco de incêndio de grandes proporções na mata.
A decisão da promotoria ignora, mais uma vez, os apelos da defesa de Barbosa para que ele fosse indiciado por homicídio e assim pudesse ser julgado pelo Tribunal do Júri. Smaniotto também recusou o pedido para que o músico fosse ouvido formalmente novamente.
Para o promotor ficou caracterizada a acusação por latrocínio por além do Gol branco modelo 1992 da vítima que Barbosa saiu dirigindo no dia do crime, ainda ter sido localizado em sua casa mais de R$ 17,3 mil em bens de Mayara, como um notebook, um celular e instrumentos musicais.
O Campo Grande News tentou falar com o advogado Conrado Passos nesta manhã para que ele comentasse a denúncia, mas seu telefone celular esteve desligado por todo o período.
Os detalhes da denúncia permanecem em sigilo pelo fato da Justiça ter colocado o caso em segredo de Justiça na última semana. Segundo Smaniotto, o Ministério Público Estadual deve se manifestar oficialmente até o fim desta segunda.