Apesar de inocentado, preso por morte de Mayara ainda não foi solto
Anderson Sanches foi preso como participante do assassinato, mas acabou indiciado por receptação do veículo roubado da vítima
O advogado Ilton Hasimoto, que desde a tarde de terça-feira (8) é o responsável pela defesa do pedreiro Anderson Sanches Pereira, 31 anos, vai reforçar até o final de hoje o pedido para que seu cliente ganhe o direito de responder em liberdade o indiciamento por receptação.
Pereira, inicialmente suspeito do latrocínio (morte em assalto) de Mayara Amaral, 27, ocorrido no final de julho, acabou acusado apenas de querer comprar o Gol branco modelo 1992 pela delegada Gabriela Stainle, que recomendou a liberação do pedreiro do Presídio de Trânsito da Capital, onde seguia preso até a conclusão desta reportagem.
Segundo Hasimoto, o pedido feito pela delegada na conclusão do inquérito pela polícia depende de apreciação do Ministério Público Estadual e do juiz corregedor da Vara de Execuções Penais.
“A delegada tem apenas o direito de recomendar, mas não pode decidir, só o juiz após sua própria avaliação. Estamos agora vendo tudo o que foi incluído no processo, que está em segredo de Justiça, para avaliar como será nossa atuação”, disse Hasimoto, por telefone ao Campo Grande News.
O advogado aponta que realizará visitas durante todo o dia para se inteirar sobre o caso e o andamento do inquérito. Primeiro conversará com a delegada Gabriela, na Defurv (Delegacia Especializada em Furto e Roubos de Veículos), pela manhã. À tarde, o encontro será com o promotor Clóvis Smaniotto.
“No encontro que tive com ele (Pereira) apenas pontuamos algumas questões. Só soube dos detalhes do caso pela imprensa e preciso me inteirar melhor”, ressaltou Hasimoto.
Reza e choro - Conforme relatado por agentes penitenciários, Pereira e outro preso pelo crime que teve o indiciamento alterado párea um de menor potencial ofensivo, Ronaldo da Silva Olmedo, o ‘Cachorrão’, 30, agora acusado apenas de tráfico, choraram e fizeram roda de oração para agradecer apo saberem das conclusões da Polícia Civil em seu inquérito.
Segundo o documento, já relatado ao MPE e que está em segredo de Justiça, apenas Luís Alberto Bastos Barbosa, 29, foi indiciado pelo latrocínio que vitimou Mayara no quarto de um motel.
Com a conclusão do trabalho policial, a defesa de Barbosa exige que seu cliente seja ouvido novamente sobre o caso, “para esclarecer tudo.”
O advogado Conrado Passos, que representa o também músico, diz que concordou com as acusações contra os outros dois suspeitos, o que favoreceria seu cliente na alegação de que foi homicídio, não latrocínio, conforme tese sustentada pela defesa.
“Ele (Barbosa) fugiu com o carro, não iria vender. Os bens que foram encontrados na casa dele seriam devolvidos, ele não precisaria ir até um motel para roubá-la. Há muita influência da comoção popular. Na verdade o caso tem de ser decidido pelo Tribunal do Júri (que julga e condena casos de assassinatos)”, disse Passos.
Mudanças – Na verdade, Passos já deu três versões diferentes do crime e de sua linha de defesa no caso, conforme mostrou na última segunda-feira (8) o Campo Grande News.
Apesar do clamor popular para que Luis Alberto fosse enquadrado por feminicídio, a polícia manteve a tese de que o baterista matou para roubar e inclusive destacou que os bens de Mayara que estavam com o assassino confesso estão avaliados em R$ 17,3 mil - um notebook, um celular, um violão, uma guitarra, um aparelho amplificador e o Gol.
Além disso, o exame feito no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) não comprovou estupro.
Imagens divulgadas pela polícia nesta terça-feira (8) mostram Barbosa comprando álcool e cerveja ao deixar o motel onde matou Mayara a marteladas na cabeça.
Versões - O assassino confesso mudou mais de uma vez a versão dele sobre o crime.
Depois de ficar em silêncio quando foi convocado para depor pela delegada Gabriela Stainle na quarta-feira (2), ele falou à revista Veja no dia seguinte, admitindo que tinha feito tudo sozinho, num rompante de raiva após uma discussão com a vítima e depois de beber e usar cocaína.