Com música, amigos e família prestam homenagem à Mayara Amaral em missa
Quando boa parte da igreja já havia dispersado, os acordes de Heitor Villa-Lobos vieram como homenagem à Mayara Amaral, musicista de 27 anos morta há 7 dias em Campo Grande. Amigos e familiares dela participaram de uma missa na noite desta segunda-feira (31) na paróquia São João Bosco, na Vila Gomes.
O turbilhão em que se transformou a vida dos familiares na semana passada impediu que a Missa de 7º Dia de Mayara fosse organizada, mas não que ela fosse devidamente lembrada pelos que conviviam com ela.
Por isso, a homenagem aconteceu somente ao fim da missa, que acontece tradicionalmente às 19h na paróquia e dura uma hora e meia, de segunda à sábado. Alguns fiéis permaneceram ao lado dos amigos de Mayara.
E foi ao som do Prelúdio Nº 1, de Villa-Lobos, e de Jesus Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach, que as boas memórias de Mayara vieram à tona e emocionou os que ainda sentem saudades da jovem.
"A Mayara era uma pessoa muito querida, era especial. Essa homenagem é singela e gostaria ter feito ela no meio da missa, não foi possível, mas pudemos lembrar todo o talento dela", comenta o ex-marido da musicista, Pieter Rahmeier, com quem Mayara foi casada por nove anos e estava separada há quatro meses.
Afirmando que ainda espera por Justiça diante da morte trágica, ele também revela que amigos de Mayara estão tentando viabilizar um concerto no Sesc em homenagem à ela.
Já o maestro Eduardo Martinelli, regente de Jesus Alegria dos Homens na paróquia, expressou todo o carinho que tinha por Mayara. "Convivi muito com ela, logo quando entrou na faculdade. Adquiri amizade muito forte com a família também. Estávamos organizando um concerto quando tudo aconteceu e assolou a família e amigos".
Martinelli ainda destaca que a homenagem hoje foi uma forma sentida por todos, uma necessidade, de lembrar todo o carinho e amor deixado por Mayara entre eles. "O talento que nunca vai ser esquecido", conta.
Confiança - Outro amigo de Mayara que foi à missa é Felipi Silveira, de 33 anos, filho do ex-vereador Cristóvão Silveira e de Fátima Silveira, mortos em latrocínio ocorrido sete dias antes da morte de Mayara - que, inclusive, tocaria na missa de sétimo dia do casal.
"O que surpreende mais é que nenhum desses crimes, tanto o da Mayara como dos meus pais, foram cometidos por desconhecidos, pelo contrário, foram por pessoas que tinham a total confiança das vítimas. Isso nos faz crer que não estamos falando só de um problema social, mas de um problema que está no ser humano", ressalta Filipe.
Alziro Lopes, pai de Mayara, se disse surpreso e agradecido com a presença dos amigos na homenagem à filha. "É um sentimento muito forte, porque a Mayara deixou um acervo muito grande como professora, pesquisadora, e além de tudo o carinho dos amigos que acaba sendo um alento para nosso sofrimento".
Ele ainda encerra que, principalmente, a luta agora é para preservar a memória de Mayara. "Sentimos que nossa filha fez o melhor, nós vamos fazer de tudo para preservar o amor que ela nos deixou".