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Economia

Redes de supermercados somem do centro e abrem espaço para pequenos

Conveniências e comércio mais compacto ajudam em pequenas emergências

Por Kamila Alcântara | 23/04/2025 10:35
Redes de supermercados somem do centro e abrem espaço para pequenos
Corredor de um mercado, localizado na Rua 13 de Maio com Dom Aquino (Foto: Juliano Almeida)

Redes atacadistas de supermercado continuam abrindo unidades por Campo Grande, movimentando polos comerciais em diferentes regiões da cidade — menos no Centro. O antigo Comper na Avenida Fernando Correa da Costa virou lanchonete. O velho Moreira da década de 1990 hoje é igreja. E o Jumbo, que mudou para Extra e depois Pão de Açúcar agora é ponto para ladrões de fios de cobre na Marcaju. Apenas um Comper, no inicio da 13 de Maio resiste nos arredores, mas no São Francisco.

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As redes atacadistas de supermercados em Campo Grande estão migrando para os bairros, deixando o Centro com poucas opções. Essa mudança é impulsionada pela preferência dos consumidores por compras próximas de casa e pela necessidade de espaços maiores, inviáveis no Centro. Moradores e trabalhadores da região central precisam se adaptar, enfrentando preços mais altos em conveniências locais ou deslocando-se para compras maiores. A insegurança e a presença de andarilhos também afetam o comércio central, enquanto mercados menores tentam atender a demanda local com variedade de produtos.

Para quem mora ou trabalha na região central, o jeito é se adaptar às poucas opções de mercadinhos ou incluir o deslocamento no custo das compras.

Segundo a Amas (Associação Sul-mato-grossense de Supermercados), esse movimento é natural e já ocorre em outras cidades, impulsionado principalmente pela mudança no perfil do consumidor, que prefere comprar perto de casa.

Redes de supermercados somem do centro e abrem espaço para pequenos
Imóvel abandonado do antigo Extra, na Maracaju. (Foto: Henrique Kawaminami)

Outro fator que contribui para essa migração é a exigência de espaços maiores para mais variedade de produtos, algo difícil de viabilizar no Centro da cidade, onde as estruturas são antigas e há pouca possibilidade de expansão.

“Os supermercados acompanham a tendência de se aproximar dos consumidores, nos bairros, e também enfrentam limitações de infraestrutura no Centro, que não comporta as necessidades de uma loja de grande porte”, explica Denyson Prado, presidente da Amas.

A evasão populacional da região central começou a ser registrada no Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apontou queda de 5,5% no número de moradores do Centro, além de redução de 10% no Amambaí e 9,8% no Cabreúva.

No levantamento mais recente, com base nos dados demográficos de 2022, o Centro aparece como a região menos habitada entre as sete em que a Capital é dividida, com 61,6 mil moradores. O número representa menos da metade da população de regiões mais populosas, como o Anhanduizinho, com 218,5 mil habitantes, e o Bandeira, com 136,6 mi

Redes de supermercados somem do centro e abrem espaço para pequenos
Lata mostra o que ela conseguiu encontrar no mercado do Centro (Foto: Juliano Almeida)

Pequenos - No cruzamento das ruas Dom Aquino com 13 de Maio, um estabelecimento de doces e salgadinhos virou solução para quem mora por perto. Começou com doces e balas, mas agora o local oferece frios, laticínios e itens de higiene.

Problema é que o preço é sempre alto, diz a tatuadora Lana Vert, de 23 anos. Ela mora na Rua 14 de Julho e sente a dificuldade de encontrar itens básicos. “Vim comprar produto de higiene e não achei sabonete líquido pequeno, só o pote grande. A maior dificuldade é que essas conveniências, sem concorrência, cobram o que querem. Às vezes os preços são superfaturados, mas pagamos porque não temos para onde ir”, comenta.

Ana Lúcia, zeladora de um prédio na região, diz que entende a mudança. “Os consumidores estão nos bairros. Aqui, a gente compra só quando não dá para pegar o carro. É normal os mercados irem para onde tem mais movimento, a gente se adapta.”

Redes de supermercados somem do centro e abrem espaço para pequenos
Igreja onde na década de 1990 fucnionava Supermercado Moreira, na Barão do Rio Branco. (Foto: Henrique Kawaminami)

Gerente de um comércio na região, Mateus Barotto, de 24 anos, avalia que o fechamento de mercados maiores nas avenidas Fernando Corrêa da Costa e Antônio Maria Coelho ajudou a fidelizar a clientela. “Estamos bem aqui há cinco anos e o movimento é bom. Temos clientes que saem dos bairros para comprar aqui. Mas, como todos os comércios do Centro, lidamos com o problema dos pedintes e andarilhos”, relata.

Na Avenida Calógeras com a 15 de Novembro, um tradicional comércio de frios ainda atrai moradores, mas o medo da violência afasta parte dos clientes. “Moro em frente à Praça do Rádio, é perto, mas não venho a pé à noite. A rua fica cheia de dependentes químicos e me sinto insegura. Se é para pegar o carro, então vou a um mercado maior, mesmo que mais longe”, diz a dona de casa Girlania Neves, de 54 anos.

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A dona de casa Girlania Neves relatou a insegurança de ir aos mercados do Centro durante a noite (Foto: Juliano Almeida)

Já na esquina da José Antônio com a Dom Aquino, uma área com muitas torres residenciais, um mercado no estilo “pocket” aposta na variedade de produtos para atender quem mora por ali. “O movimento é grande, acho que por ser o mais próximo para muita gente. Por isso temos de tudo um pouco, de padaria a carnes e frutas”, explica a atendente Morely Marques, de 22 anos.

Vizinha do local, a servidora pública Sueli Santos, de 53 anos, sente falta do mercado que havia na Antônio Maria Coelho, fechado há dois anos. Antes dele, o Extra atendeu a região por 17 anos. “Aqui encontro bastante coisa, é rápido e prático, mas para uma compra grande só indo de carro. Vou no que fica a quase 3 km daqui”, conta.

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Opção de mercado disponível na Rua José Antônio (Foto: Juliano Almeida)

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