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Meio Ambiente

Mato Grosso do Sul lidera redução de CO₂ no Brasil com alta no uso de etanol

Estado teve queda de 6,6% nas emissões de veículos leves em 2024, a maior do país, com salto de 87% no consum0

Por Jhefferson Gamarra | 23/04/2025 15:25
Mato Grosso do Sul lidera redução de CO₂ no Brasil com alta no uso de etanol
Bomba de abastecimento de gasolina e etanol em posto de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

Mato Grosso do Sul alcançou em 2024 o melhor desempenho entre todos os estados brasileiros na redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes da queima de combustíveis em veículos leves, graças ao aumento expressivo do uso de etanol. De acordo com o estudo inédito “Descarbonização da Matriz de Combustíveis”, elaborado pela FGV Bioeconomia, o estado registrou uma queda de 6,6% nas emissões de CO₂ equivalentes no Ciclo Otto (veículos movidos a gasolina, etanol ou gás natural), totalizando 1.801.440 toneladas emitidas no período.

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Mato Grosso do Sul lidera a redução de emissões de CO₂ no Brasil em 2024, com uma queda de 6,6% nas emissões de veículos leves, graças ao aumento do uso de etanol. O consumo do biocombustível cresceu 87%, enquanto o de gasolina caiu 12%. O estado se destaca por políticas como a redução do ICMS sobre o etanol e o programa MS Renovável. Com 22 usinas de bioenergia, Mato Grosso do Sul projeta aumentar a produção de etanol em 11% para 2025, contribuindo para o desenvolvimento regional e a meta de neutralidade de carbono até 2030.

Se não fosse o consumo de etanol, as emissões teriam sido 40% maiores, o que corresponde à mitigação de 734 mil toneladas de CO₂ equivalentes em apenas um ano. O resultado coloca Mato Grosso do Sul à frente até mesmo de estados com maior frota e longa tradição no uso de biocombustíveis, como São Paulo (-5,9%), Goiás (-3,0%) e Minas Gerais (-1,1%).

A base dessa redução está no crescimento acelerado do consumo de etanol hidratado no estado. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Mato Grosso do Sul consumiu 369 milhões de litros do biocombustível em 2024, volume 87% superior ao registrado em 2023. Ao mesmo tempo, o consumo de Gasolina C caiu 12%.

Com esse movimento, a participação do etanol na matriz de combustíveis do estado saltou de 19% para 34%. Essa guinada é resultado de uma combinação de fatores econômicos, ambientais e institucionais.

“O estudo da FGV confirma que o caminho da descarbonização passa obrigatoriamente pelos biocombustíveis. E Mato Grosso do Sul mostra que isso é viável, com resultados concretos”, afirma Amaury Pekelman, presidente da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado).

A expansão do uso de etanol em MS vem sendo impulsionada por uma série de medidas estruturantes. Desde 2022, a redução da alíquota de ICMS sobre o etanol contribuiu para tornar o combustível renovável mais competitivo frente à gasolina nos postos.

Além disso, o Estado tem desenvolvido políticas públicas como o MS Renovável, que busca ampliar a geração e uso de energias limpas, e atua também por meio da Câmara Setorial de Energia Renovável, encarregada da formulação do Programa Estadual de Transição Energética, alinhado à PEMC (Política Estadual de Mudanças Climáticas).

“Estamos falando de um ciclo fechado de baixo carbono, com produção cada vez mais eficiente, responsabilidade ambiental, e desenvolvimento econômico e social promovido pela bioenergia”, reforça Pekelman.

Com 22 usinas de bioenergia em operação — sendo 19 a partir da cana-de-açúcar e 3 a partir do milho — Mato Grosso do Sul se consolida como um dos principais polos de bioenergia do Brasil. A cadeia produtiva da cana ocupa 860 mil hectares, distribuídos em mais de 40 municípios, e gera mais de 33 mil empregos diretos.

Para 2025, a expectativa é de crescimento contínuo. A moagem de cana deve alcançar 50,5 milhões de toneladas e a produção de etanol está projetada em 4,7 bilhões de litros — um aumento de 11% em relação ao ciclo anterior.

O impacto vai além da energia. “Esse crescimento se reflete diretamente no desenvolvimento regional, com empregos, renda, dinamização das economias locais e fixação de população no interior”, observa Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Mato Grosso do Sul lidera redução de CO₂ no Brasil com alta no uso de etanol
Governador Eduardo Riedel (PSDB) durante participação em evento de biocombustível (Foto: Divulgação)

O governador Eduardo Riedel destacou que Mato Grosso do Sul está trilhando um caminho exemplar rumo à neutralidade de carbono. “Estamos promovendo desenvolvimento sustentável em sua plenitude, com geração de empregos qualificados, renda e justiça social. Essa é a essência da transição energética”, afirmou durante evento internacional na Suíça, no início do ano.

O plano MS Carbono Neutro, que tem como meta zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2030, é o norteador das ações estaduais. Além do etanol, a matriz energética do estado é composta por fontes limpas como biomassa, energia solar e hidrelétrica, e novos investimentos estão sendo direcionados para tecnologias emergentes como o biometano e o SAF (combustível sustentável para aviação).

“O etanol brasileiro pode contribuir não só com a descarbonização do Brasil, mas também do mundo”, destaca Verruck. “A questão agora não é só econômica, é ambiental, social e estratégica. Estamos preparados para liderar essa transformação”.

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