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Comportamento

Na voz de Marina Peralta, Mayara se foi, mas deixou força para a luta feminista

Em show de Bonito, cantora homenageou Mayara com canção que escreveu logo depois de receber notícia da morte

Eduardo Fregatto | 30/07/2017 07:15
Marina é conhecida por seu repertório com canções sobre feminismo e igualdade de gênero. (Foto: André Patroni e Eduardo Medeiros)
Marina é conhecida por seu repertório com canções sobre feminismo e igualdade de gênero. (Foto: André Patroni e Eduardo Medeiros)

Em momento forte e emocionante no Festival de Inverno de Bonito, a cantora Marina Peralta usou um momento do seu show, na sexta-feira (28), na Praça da Liberdade, para homenagear a violonista Mayara Amaral, vítima de crime que chocou e comoveu a Capital, na última semana.

"Derruba essa história de submissão. (...) Não transforme a nossa liberdade num problema seu", cantou Marina, numa apresentação improvisada da canção que escreveu um dia depois de saber da notícia da morte da musicista, de 27 anos.

"Eu não a conhecia pessoalmente, mas foi algo muito forte para todas nós mulheres", diz a cantora. "Eu não estava em clima de festejar, ainda estava com o sentimento de perda da Mayara".

Aos 27 anos e com um futuro brilhante na música pela frente, a vida de Mayara foi interrompida pela ação cruel e desumana de três homens. Um protesto organizado por mulheres, chamado "Ato Nós por Nós, contra o Feminicídio", foi marcado para o dia 4 de agosto, às 16h, na Praça Ary Coelho. No mesmo dia, está sendo convocado protesto em São Paulo, em frente ao MASP, na Avenida Paulista. Os dois atos são contra o feminicídio, qualificadora do crime de homicídio quando se trata de crime de gênero contra mulheres, mas que não foi a tipificação escolhida no caso de Mayara. Os três homens presos foram indiciados por latrocínio, roubo seguido de morte, e ocultação de cadáver. Existe ainda investigação em curso, dependendo de laudos, para confirmar se houve estupro.

Antes de cantar a música que compôs em homenagem à violonista, Marina discursou sobre a luta das mulheres por igualdade e sobrevivência num mundo machista e violento contra as mulheres. "Ela falou sobre como as mulheres precisam se unir e tomar cuidado. Ela estava emocionada e o pessoal se emocionou junto", conta o assistente administrativo Ademir da Silva Alves Junior, de 42 anos, que estava na plateia.

A mensagem que Marina passou ficou clara: diante de toda a dor e revolta, o movimento de mulheres se fortalece ainda mais na luta por igualdade. "Cresceu. A nossa força só cresceu", ela finalizou, com apoio do público.

 

Confira a canção na íntegra:

"Vida

Quem tem o direito de encolher?
Fica
Um nó na garganta, o que que eu vou fazer?

Quem que ce pensa que é?
Chega de mansinho, toma de assalto e nessa conversa revela um lado, comportamento enraizado, especialidade é cortar - as asas delas

Você não sabe perder
Quando ela levanta te dizendo NÃO, não cede a pressão, dá opinião, derruba essa história de submissão e pode ser melhor que você - e isso não é um problema

Não transforme a nossa liberdade num problema seu. Cresceu. A nossa força só cresceu".

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