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Capital

Réu alega dívida de 48 mil e ameaças para justificar assassinato de agiota

Marlenn de Souza diz que a vítima, Wilson de Souza, era agiota e cobrava atraso de 2 meses de empréstimo

Silvia Frias e Bruna Marques | 24/05/2023 10:25
Marlenn Antônio de Souza (branco) chega para o julgamento por homicídio, na Capital. (Foto: Bruna Marques)
Marlenn Antônio de Souza (branco) chega para o julgamento por homicídio, na Capital. (Foto: Bruna Marques)

O comerciante Marlenn Antônio de Souza, 38 anos, justificou desespero e ameaças feitas contra a família dele para matar a tiros o freteiro Wilson Pereira de Souza. O réu diz que a vítima era agiota e cobrava empréstimo de R$ 40 mil que chegou a R$ 48 mil em dois meses. Familiares de Wilson negam a versão.

O julgamento está sendo realizado pela 2ª Vara do Tribunal do Juri, em Campo Grande. Marlenn foi denunciado por homicídio qualificado por motivação torpe e por emboscada, além de resistência à prisão e posse ilegal de arma de fogo. O crime aconteceu no dia 29 de junho de 2022 e o réu respondeu ao processo preso pelo crime.

“Ele foi na minha lanchonete com a foto da minha esposa saindo da escola com as minhas crianças”, disse o réu, depoimento feito à defesa hoje, durante julgamento. “Ai, meu Deus do céu”, acrescentou Marlenn, chorando e lembrando o início das ameaças.

A cobrança, segundo o réu, referia-se ao empréstimo de R$ 40 mil feito meses antes. Lembrou que já havia emprestado dinheiro do homem que seria agiota e nunca teve problema, mesmo quando atrasava por alguns dias. Para garantir o pagamento, deixou o carro, um Gol 2021/2022.

Porém, conforme depoimento do réu, a cobrança foi diferente desta vez. “Ele falou que, se eu não pagasse de um jeito, ia pagar de outro”. Marlenn pediu mais prazo. Foi ao banco, raspou as economias, passou cartão e juntou R$ 30 mil. A proposta feita à vítima era dar o valor, pegar o carro de volta para vender e pagar o resto.

“Ele aceitou de imediato”, contou. Marlenn contou que Wilson não quis depósito, alegando que precisava de dinheiro em mãos e “tinha que fazer o giro com ele”. Os dois combinaram encontro na casa da vítima, por volta das 20h, no Jardim Centenário.

Na versão de Marlenn, a situação foi tensa. Contou que esperou por 40 minutos até a chegada de Wilson. O homem estacionou o carro de guincho, abriu o portão e mandou que o outro entrasse para contar o dinheiro. “Ele não fechou o portão, fiquei com medo e de orelha em pé, fiquei com medo, tentando perceber as coisas”.

Durante a conversa, Wilson teria dito que não iria liberar o carro. “Como vou pagar o senhor sem o carro?”, questionou. “Saí do 0 a 100 de nervoso”, justificou. A discussão começou e o réu alega que o outro fez menção de levar a mão à cintura. “Assustei, puxei a arma e dei o primeiro disparo”, lembro. Os outros foram feitos a esmo, quando o réu fugia e se escondia atrás de árvore. Wilson morreu na cozinha de casa, atingido com três tiros. O réu diz não lembrar de mais nada, só quando a polícia o prendeu, no dia seguinte.

Marlenn alega que não foi armado especificamente até a casa de Wilson, mas que sempre andava com o revólver, uma forma de dizer que não agiu por emboscada. Também nega resistência à prisão. Contou que demorou para se entregar pois estava com a filha. Quando os policiais chegaram, afirma que apanhou. Marlenn não falou com a promotoria no julgamento.

A família da vítima estava no plenário e nega que Wilson trabalhava como agiota, mas que havia emprestado dinheiro para o réu. “Estou achando que ele tá dando uma de coitado”, avalia a irmã, Ivanir Pereira de Souza, 49 anos. “Não é verdade o que ele tá falando”, afirmou, acrescentando que a função do irmão era fretista e trabalhava com guincho.

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