Sargento condenado por sequestro e corrupção é expulso da PM
Batistote entrou com recurso, mas teve o pedido negado pelo desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques
O sargento Carlos Alberto dos Santos Batistote, um dos policiais envolvido no crime de extorsão conhecida em Mato Grosso do Sul como “caso DOF”, foi expulso da Polícia Militar nesta quinta-feira (21). O decreto publicado no Diário Oficial de hoje foi assinado pelo comandante-geral da corporação, coronel Waldir Ribeiro Acosta.
Caso aconteceu em janeiro de 2000. Ao lado do ex-capitão Paulo Roberto Xavier, de Sebastião Otímio Garcia Silva, comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) na época do crime, e outros nove policiais militares, Batistote participou do sequestro e extorsão de dois jovens flagrados em um carro roubado durante fiscalização em Rio Verde.
Segundo denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), Jean Jorge Ocampos e Mário Márcio de Oliveira Jara, foram flagrados com uma caminhonete que havia sido roubada em Campinas (SP) durante fiscalização na estrada conhecida como “Transpantaneira”.
Na blitz, estavam os policiais militares Paulo Siqueira Barbosa, Carlos Alberto de Souza e Carlos Alberto dos Santos Batistote. Os dois suspeitos foram levados para Campo Grande, porém, não foram detidos. Os PMs entraram em contato com o cabo Manoel João de Figueiredo, vulgo "Márcio", que teria pressionado Jean a entregar os comparsas.
Em contato com os suspeitos, o grupo exigiu R$ 25 mil para liberar os dois homens. Ficou acertado o parcelamento do valor, sendo repassada primeira parcela de R$ 5 mil em Corumbá, no dia seguinte. Antes de seguir viagem, Jean relatou que os PMs se encontraram no caminho com o comandante do DOF, que estava ciente da negociação.
Pela denúncia, depois do pagamento da parcela e liberação dos suspeitos, houve acordo: “Coronel Sebastião Otímio Garcia da Silva, Major Marmo Marcelino Vieira Arruda, Cabo Manoel João de Figueiredo, vulgo "Márcio", Maurício Maria Marques Niveiro, vulgo "Xuxa", Soldado Paulo Siqueira Barbosa, Soldado Carlos Alberto dos Santos Batistote e Soldado Carlos Alberto de Souza, que faziam parte da "equipe Ouro", fizeram acordo com os quadrilheiros e arrastadores de veículos, via de regra importados, no valor de U$ 2.000,00 (dois mil dólares), visando a passagem de carros produtos de ilícito no Estado de São Paulo, os quais seriam levados até o país vizinho da Bolívia (...)”.
Em fevereiro de 2007, o sargento foi condenado a 13 anos e cinco meses de prisão. Após 10 anos, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul pediu a exclusão do posto e patente de todos os envolvidos no crime, o que foi deferido pelo Tribunal de Justiça em 2018. Batistote entrou com recurso, mas teve o pedido negado pelo desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques no mês passado.