ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  14    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Sem ambulâncias, pacientes esperam horas por resgate que às vezes nem chega

Leitores enviaram reclamações alegando demora de até 3 horas para socorro do Samu e Corpo de Bombeiros

Gabrielle Tavares | 06/02/2023 17:03
Fila de viaturas do Samu, na Capital, durante desfile de entrega dos veículos em 2021 (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
Fila de viaturas do Samu, na Capital, durante desfile de entrega dos veículos em 2021 (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Há meses, leitores do Campo Grande News enviam reclamações sobre a demora no atendimento por ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do Corpo de Bombeiros. Os relatos são diversos: pacientes que tiveram de esperar 3 horas após um acidente; que desistiu da ambulância e foi em carro próprio buscar atendimento; a até familiares que precisaram pegar cartão de crédito emprestado para contratar o transporte entre unidades.

Na Capital, o Samu opera atualmente com 11 viaturas que são empregadas no atendimento de vítimas de acidentes de trânsito, emergências clínicas e no transporte interhospitalar de pacientes. De acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o serviço recebe, em média, 20 mil ligações por mês e realiza 4 mil atendimentos.

Na manhã desta segunda-feira (6), a estudante de técnico em enfermagem Giovanna Souza de Oliveira, 18, ajudou uma mulher que passou mal em um ônibus do transporte público de Campo Grande.

"A moça não conseguia ficar em pé, desmaiou. Tivemos que segurar ela na cadeira, ficou muito branca, com a pulsação baixa e reclamou de formigamento nos braços", descreveu. Outros passageiros que estavam no local acionaram a ambulância do Samu e do Corpo de Bombeiros, mas ninguém apareceu.

"Ficamos mais de 1h aguardando atendimento. O que fizeram, de não dar um auxílio, deixar a moça que estava muito mal esperando, foi um pouco caso. Nem o Samu, nem o Corpo de Bombeiros foram até o local. Além de dizer que não tinha ambulância. Se a pessoa estivesse tendo uma crise convulsiva, ou uma parada cardíaca, íamos fazer o que?", lamentou Giovanna.

Depois de 1 hora de espera, o marido da mulher apareceu e a levou de carro para receber atendimento médico em uma unidade de saúde.

O problema já se estende por meses. Em novembro do ano passado, a filha do radialista José Luiz Alves, de 61 anos, sofreu um acidente doméstico no quintal de casa e quebrou o pé. A família acionou primeiro o Corpo de Bombeiros, mas depois de meia hora de espera ligaram para o Samu, que confessou não ter nenhuma ambulância disponível para atendê-la.

"Alguém falou que não tinha viatura disponível no momento, que todas que tinha estavam em atendimento. Foi perguntando o estado de saúde dela e a gente passou, aí eles orientaram que nós levássemos ela até a UPA", relatou José.

Ele a levou de carro até a UPA Leblon, onde constataram que ela precisaria ser transferida para a Santa Casa. Contudo, lá também não havia ambulância disponível para transportar ela até o hospital e não autorizaram que ela fosse de carro.

"Tinha gente esperando há um dia lá por ambulância, aí contratamos um serviço particular para levar ela de ambulância. Cobraram R$ 350 reais para transferirem ela da UPA para a Santa Casa, porque no caso dela não precisaria ter uma equipe médica para acompanhá-la, era o serviço mais em conta. Tivemos que pagar mesmo sem ter condições, pegamos um cartão de crédito emprestado, para ela conseguir ser atendida", apontou.

A demora acontece mesmo em casos críticos, em que as vítimas não podem ser transportadas de carro, como em acidentes de trânsito. No dia 20 de janeiro, Elisa Lopes, de 39 anos, precisou esperar quase três horas para ser resgatada após uma colisão entre a moto Biz que pilotava e um Renault Duster.

O acidente aconteceu no Bairro Taveirópolis, em Campo Grande. O irmão dela, Emerson Gomes, de 49 anos, acionou o Samu por volta das 12h45, mas disse que não houve atendimento até as 15h26, quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local.

“Pra ter uma ideia, a gente pegou chuva, sol, uma garoa e sol de novo. Tudo isso sem os bombeiros chegarem”, disse.

Conforme a peça orçamentária da Prefeitura de Campo Grande aprovada, foram destinados R$ 28.794.734 para a operacionalização do Samu em 2023. Foi previsto ainda R$ 18.917.794 do tesouro, R$ 100.000 de recursos próprios e R$ 9.776.940 de outros recursos, totalizando R$ 57.589.468.

O que diz a Prefeitura -  Em nota, a Sesau afirmou que o tempo de atendimento varia de acordo com a complexidade e gravidade da ocorrência, e que o tempo médio para atendimento de casos de urgência é de 20 minutos.

Para tentar minimizar a demora no atendimento, a pasta afirmou que adicionou seis macas extras, além dos equipamentos que são dispostos em cada viatura, mesmo não havendo portaria ou resolução obrigando a compra.

"A Secretaria Municipal de Saúde reitera que tem mantido as tratativas com os hospitais para evitar que esse tipo de situação continue ocorrendo. Cabe esclarecer que nos últimos cinco anos, o serviço teve 100% da sua frota renovada, saindo de três viaturas operacionais, ou seja, em atendimentos, para as atuais 11 viaturas", afirmou.

A reportagem entrou em contato com o Corpo de Bombeiros, mas não recebeu retorno até a publicação.

*Matéria alterada às 17h52 para acréscimo de posicionamento

Nos siga no Google Notícias