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Capital

Sem nota, rede municipal de ensino estuda aprovação em massa

O que vai definir se todos serão aprovados ou só os que que tiveram participação efetiva, é questionário enviado a pai e professor

Paula Maciulevicius Brasil | 07/10/2020 11:29
Na imagem de arquivo, o aluno José Rubens que aprendeu a escrever em casa, com a mãe como "professora", seguindo a explicação on-line dos professores. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)
Na imagem de arquivo, o aluno José Rubens que aprendeu a escrever em casa, com a mãe como "professora", seguindo a explicação on-line dos professores. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)

O Conselho Nacional de Educação deu autonomia aos municípios para decidirem de que forma os alunos serão avaliados no encerramento do ano letivo. Nas escolas da Rede Municipal de Ensino, nota está longe de ser critério para passar de ano. O que vai definir se todos serão aprovados ou se só os que que tiveram participação efetiva durante o ano de 2020, é a resposta ao questionário enviado ontem pela Semed (Secretaria Municipal de Educação) para professores e pais.

"Encaminhamos uma pesquisa para que pudéssemos ouvir pais, professores, gestores e coordenadores das escolas, todos os que estão envolvidos no processo pedagógico, estamos aguardando o resultado", disse a secretária municipal de Educação, Elza Fernandes Ortelhado.

Com a resposta em mãos, uma comissão da Semed vai chegar a um consenso de como encerrar o ano letivo. "Essa possibilidade vai ser tomada de acordo com as atividades que o aluno está desenvolvendo e também seguindo o que os pais vão nos dizer. Aguardamos a opinião de quem está mais integrado no processo", reforça a secretária. A pesquisa deve ser devolvida à Semed até amanhã.

Caderno de atividades era entregue na escola para ser preenchido em casa. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)
Caderno de atividades era entregue na escola para ser preenchido em casa. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

"Não podemos falar que o ano foi perdido" - Elza é categórica em dizer que o ano letivo seguiu, de forma remota, mas seguiu, e que é preciso levar em consideração todo o trabalho realizado por professores, coordenadores e principalmente os pais.

"Nós iniciamos os atendimentos aos alunos em março, primeiro disponibilizamos caderno de atividades que estão sendo impressos e entregue aos pais que estão fazendo com os filhos em casa e devolvendo à escola. Além disso, oferecemos todo o apoio pedagógico através da transmissão das aulas que estão sendo gravadas pelos nossos professores que ficam gravadas no canal do Youtube e no aplicativo da Rádio Reme", relata a secretária.

Já no mês de outubro, sete meses depois do início da pandemia e a 40 dias do encerramento do ano letivo, a Semed vê como positivo o balanço, medindo pelas ferramentas acima e também pelos grupos de WhatsApp e Facebook. "A interação e o aproveitamento foi bem positivo, de 90% dos alunos buscando atendimento pedagógico na escola. Diante disso não atribuímos nota para este ano", ressalta.

Com apenas um celular, Fabíula criou escala de estudo para as filhas de 8 e 9 anos (Foto: Arquivo/Hnerique Kawaminami)
Com apenas um celular, Fabíula criou escala de estudo para as filhas de 8 e 9 anos (Foto: Arquivo/Hnerique Kawaminami)

O Campo Grande News chegou a ir em bairros e mostrar a realidade de crianças que precisavam dividir o celular da mãe, muitas vezes sem internet, para estudar. No Bairro Bom Retiro, o exemplo vem com a dona de casa Fabíula de Souza Soares, de 24 anos, que com apenas um celular em casa e o custo da internet compartilhado com a vizinha, precisava adaptar a rotina seguindo o horário de estudo das de 8 e 9 anos.

Evasão - A secretária relata que foram poucos os alunos que não participaram de nenhuma aula ou entregaram caderno de atividades. Sobre evasão dos estudantes, Elza diz que "num universo de 109 mil alunos, apenas 750 não tiveram interação com a escola".

A Semed informou que está fazendo uma busca ativa por estes estudantes para saber o porque disso. "Nosso interesse não é somente a questão pedagógica, mas saber porque o aluno sumiu, qual a situação e se está vivendo em risco de vulnerabilidade para que possamos também dar atendimento a essas famílias". A procura tem sido feita em parceria com o Conselho Tutelar.

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