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Capital

Sem plano de incêndio, hospitais públicos funcionam irregularmente

Natalia Yahn | 27/01/2016 22:06
Hospital Universitário também foi notificado por não ter plano de incêndio. Problema veio à tona após incidente na UTI Neonatal do Hospital Regional ontem (26). (Foto: Arquivo)
Hospital Universitário também foi notificado por não ter plano de incêndio. Problema veio à tona após incidente na UTI Neonatal do Hospital Regional ontem (26). (Foto: Arquivo)

Os três hospitais públicos de Campo Grande – Santa Casa, HU (Hospital Universitário) e HR (Hospital Regional) – funcionam irregularmente, pois não possuem plano de incêndio e pânico aprovado. Por conta do problema os hospitais foram notificados pelo Corpo de Bombeiros.

A tragédia da Boate Kiss – em Santa Maria (RS) – que matou 242 pessoas e completa três anos hoje (27), motivou as vistorias iniciadas ainda naquela época.

“Desde o incêndio na Boate Kiss nós fizemos uma série de vistorias e notificamos os locais que precisavam de regularização”, afirmou o tenente-coronel Hudson Farias de Oliveira, chefe da assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros do Estado.

Os três maiores hospitais de Mato Grosso do Sul, localizados na Capital, só deram entrada na documentação relativa ao projeto de incêndio em pânico após serem notificados. “Foi em épocas diferentes, cada um precisa regularizar itens diversos desde iluminação de emergência até a brigada de incêndio. A situação é de alerta, ainda mais nos hospitais, onde as pessoas precisam ser tiradas do local de risco”, explicou o tenente-coronel.

A situação dos hospitais veio à tona após o CTI (Centro de Terapia Intensiva) Neonatal do HR ser interditado por 10 horas. Ontem (26), um superaquecendo em uma máquina de lavar que fica no subsolo do hospital, deixou funcionários e pacientes assustados. O problema provocou liberação de fumaça, que chegou a outros andares pela tubulação de ar. O segundo andar, onde fica o CTI Neonatal, foi o mais afetado e por isso foi interditado. Mas hoje, por volta das 7 horas, o local já funcionava normalmente.

O HR é o único dos hospitais públicos que tem um projeto de incêndio e pânico, mas mesmo assim foi notificado pelo Corpo de Bombeiros. “O plano do HR está aprovado, mas precisa de adequações e por isso foi feita a notificação e em 30 dias será feita uma nova vistoria”, afirmou o responsável pelo Corpo de Bombeiros.

No HR os problemas são saída para hidrantes, iluminação de emergência, atestado de conformidade elétrica e brigada de incêndio.

A SES (Secretaria de Estado de Saúde), responsável pelo HR, informou que foi feita a vistoria nos dutos do ar condicionado – por onde a fumaça chegou ao CTI Neonatal – e que recebeu recomendação para manter a limpeza do sistema.

Em relação a brigada de incêndio, a SES afirmou que esta em andamento a capacitação dos funcionários que vão atuar no local, e o funcionamento esta previsto para ter início em fevereiro. A SES informou que não estava ciente dos demais problemas apontados pelo Corpo de Bombeiros.

“Os hospitais estão em processo de adequação, muitas vezes existem recursos ou é feito por etapa. Os locais colocam o mínimo necessário e adia o restante, quando precisa quebrar parede ou de alguma outra obra mais demorada”, explicou Oliveira.

Santa Casa também precisa de adequações, de acordo com o Corpo de Bombeiros. (Foto: Arquivo)
Santa Casa também precisa de adequações, de acordo com o Corpo de Bombeiros. (Foto: Arquivo)

O Corpo de Bombeiros alerta sobre a importância dos hospitais manterem a brigada de incêndio e os equipamentos de combate a incêndio. “Uma reserva de água, ou uma pessoa para ajudar a tirar os pacientes dos locais de perigo são importantes no momento do incêndio. O brigadista sabe como usar o extintor ou como evacuar o local. As portas corta fogo também são importantes para impedir que a fumaça se espalhe e chegue aos outros andares”, disse o tenente-coronel.

A reportagem entrou em contato com a Santa Casa e o HU, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno.

O problema dos hospitais é semelhante ao da Central de Atendimento ao Cidadão, também na Capital. O local não tem um plano de incêndio e pânico e foi notificado para regularizar a situação. O prazo para apresentar as melhorias termina no dia 10 de fevereiro e foi estabelecido após um princípio de incêndio no dia 11 de janeiro. Mas o local funciona irregularmente desde julho de 2013.

O Corpo de Bombeiros, responsável pela vistoria do prédio, infirmou que até agora a Prefeitura não entrou com recurso contra a multa aplicada no valor de R$ 9.160. Em relação a notificação para regularizar o funcionamento da Central, o prazo dado é de 30 dias. Caso as mudanças necessárias não tenham sido realizadas até lá, outra notificação e uma nova multa – com valor em dobro – serão aplicadas. E se mesmo assim não for feita a regularização o prédio poderá ser interditado.

Boate Kiss – Três anos depois da tragédia da Boate Kiss a Justiça brasileira ainda não conseguiu apontar culpados ou puni-los nem determinar indenizações às famílias de jovens mortos e vítimas sobreviventes. Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, um incêndio na boate, causado por um artefato pirotécnico usado pelos músicos da banda que se apresentavam no local, chocou o Brasil com a morte de centenas de jovens, a maioria com menos de 25 anos.

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