Sem previsão de cirurgia, paciente passará fim de ano no hospital
Há mais de um mês internado, agonia é tanta que enfermo ameaça deixar o local por contra própria
Após o adiamento, pela sexta vez consecutiva, da cirurgia cardíaca que João Pinho de Oliveira, de 58 anos, precisa ser submetido, o homem já não aguenta mais esperar e ameaça deixar o HU (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), local onde está internado há mais de 40 dias.
Conforme publicado pelo Campo Grande News, o procedimento estava marcado para o dia 20 de dezembro, mas teve que ser adiado novamente por falta de contraste, insumo médico utilizado na operação.
De acordo com o paciente, devido à quantidade de vias bloqueadas será necessário um novo procedimento, feito no pescoço para desobstrução dos vasos antes da cirurgia de implantação da ponte de safena no coração. Porém, essa intervenção médica só poderá ser feita a partir do dia 19 de janeiro.
“Está dependendo do exame de pescoço, que é uma limpeza das veias, que dizem que não tem contraste. Então só vão rever esse tipo de procedimento a partir do dia 19 de janeiro. Essa é a sexta vez que adiam. Então a cirurgia em si está sem previsão ainda. A gente fica muito triste e nervoso, porque estamos correndo risco de infecção, de covid. Estou nervoso”, disse.
Os familiares entraram em contato com a ouvidoria do Hospital nesta quinta-feira (22). Em resposta, a instituição lamentou o infortúnio e alegou estar enfrentando dificuldades em atender alguns casos.
“Passamos pela falta de contraste, por férias e atestados dos médicos, mas principalmente por falta de vaga no CTI/UCO para atendimento de casos onde os procedimentos de cirurgia e angioplastia existem. A alta demanda associada aos fatores acima dificultam os agendamentos, causando os atrasos. Esperamos com a normalização do fornecimento de contraste agilizar os atendimentos”, pontuou.
Natal - Com a espera, João deve passar as festas de fim de ano na cama do hospital, já que está impossibilitado de deixar as dependências do HU por risco à saúde. “Eu só durmo e passo raiva, não tem outra coisa pra fazer aqui. Vai ser a primeira vez que vou passar o fim de ano assim. Até concordo que algumas coisas estão em falta em todos lugares, mas aqui é mais coisa. Final de ano fica mais puxado estar assim”, finalizou.
O filho, João Pinho de Oliveira Júnior, de 38 anos, relatou à reportagem que espera que ao menos seja feita a cirurgia no pescoço do pai, para que ele se recupere e aguente a dor no coração.
“Queremos que façam pelo menos a do pescoço pra ele se recuperar e fazer a próxima. Ele queria sair daqui depois da resposta da ouvidoria, não aguenta mais, está a mais de 40 dias, está nervoso, cada médica fala uma coisa. Vem, faz o pré-operatório então chega no dia e não acontece. Isso vai irritando. Ontem ele deu trabalho, queria ir embora” disse.
De acordo com Júnior, o procedimento que o pai precisa fazer no pescoço é simples e será feito apenas para abrir caminho para que o sangue seja bombeado de maneira adequada durante a segunda cirurgia. “O médico pediu, quer fazer, mas o laboratório resolveu enrolar. Minha mãe vai ficar com ele no Natal, eu fico um pouco, mas ela que vai ficar. Ele tá meio que surtando já”, comentou.
Além de não poder deixar o hospital devido à saúde, o filho alerta que o ato pode causar problemas ao pai com INSS, já que ele ainda não é aposentado. “Não tem condições de ele ir embora, tem muita veia entupida”, finalizou.
Histórico - O paciente revelou que há quatro anos sofreu um infarto e há mais de quatro meses colocou duas molas no coração. De acordo com ele, ainda existe perigo de um novo infarto, por isso a necessidade de intervenção médica.