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Capital

“Solta meu filho”: mãe revela desespero ao ver casal tentar levar criança

Dupla foi conduzida à delegacia e solta no dia seguinte; houve linchamento na segunda-feira

Por Clara Farias | 25/06/2024 14:08
Funcionária pública e proprietária da conveniência, 39 anos, contou sobre a tentativa de sequestro (Foto: Paulo Francis)
Funcionária pública e proprietária da conveniência, 39 anos, contou sobre a tentativa de sequestro (Foto: Paulo Francis)

Mãe de uma criança, de 5 anos, narrou o desespero em ter seu filho quase sequestrado. "Eu falei: 'solta meu filho, me dá meu filho'", lembrou a funcionária pública, de 39 anos. A tentativa de sequestro aconteceu em uma conveniência, localizada no Jardim Imá, em Campo Grande, no domingo (23), o caso ganhou repercussão após o casal ser linchado na segunda-feira (24).

Desde o momento em que o casal passou a elogiar o menino, a mãe ficou em alerta. "Falaram que meu filho era muito bonito, e que ele valia muito dinheiro no exterior. A mulher ainda disse: 'tem vez que o povo compra até para fazer magia negra', e que isso daria mais dinheiro", contou. A proprietária então reagiu aos comentários, pedindo para que os dois parassem com as brincadeiras.

A funcionária pública, e dona da conveniência, contou ao Campo Grande News que o homem, de 44 anos, e a companheira, de 38, chegaram ao local por volta das 16h de domingo. "Eles diziam que chegaram de Sidrolândia e iam fazer uma visita a um primo adoecido no hospital, mas logo pediram uma cerveja para tomar", lembrou ela.

Em duas horas de consumo, os dois tomaram 14 garrafas de cerveja longneck, comeram petiscos, salgados e pediram quatro unidades do "lanche mais gordo" da conveniência. Com a conta beirando R$ 650, a proprietária da conveniência sugeriu que o casal pagasse o que tinha sido consumido até aquele momento.

O homem então bateu na mesa dizendo: "você está achando que eu não vou pagar? Hoje eu quero gastar mil reais com você", contou ela. O homem pediu para que a companheira fizesse o Pix, mas ao invés de transferir o valor indicado, disse para ela mandar R$ 700, porque iria "dar um presente para o garoto bonitinho", lembrou ela.

A dona foi para dentro da conveniência para fazer os lanches do casal, fechou a grade, e por descuido não trancou o cadeado. "Eu estava sentindo meu coração pesado, então toda hora estava conferindo lá fora. Até que escutei a grade abrindo e o homem estava puxando meu filho. Eu soltei a espátula no chão e falei 'solta meu filho. Me dá meu filho', puxei o menino e ajoelhei com ele abraçada", disse a mãe.

O casal, que saiu sem pagar, ainda levou todos os cigarros do mostruário da conveniência, e deixou subentendido à mãe de que estariam armados. "Vendo que estavam vindo outras pessoas na rua, a mulher falou para o cara: 'abandona, abandona'. O homem então falou pra mim 'volta para dentro bem quietinha' e saíram em alta velocidade", contou.

Segundo ela, um outro casal que estava chegando na conveniência viu ela agachada com o filho e parou para verificar se eles estavam bem. A mulher então ligou para o esposo, para a Polícia Militar e decidiu ir até a delegacia registrar o boletim de ocorrência. "A equipe do Choque foi muito ágil, me deram apoio, e encontraram eles. Mas na delegacia, eu fiquei até às 2h de segunda-feira. Pra que? Para dar 8h e o cara estar solto. Cadê a Justiça no Brasil?", reclamou a mãe.

Após o acontecido, o menino enviou um áudio para o pai, que não estava no momento da que a tentativa de sequestro. "Papai, os caras chegaram aqui, fingindo que tava tudo bem. Aí eles roubaram um monte de cigarro, pediram um negócio pra comer e não pagou. E quis levar eu pra ficar rico, levar o meu celular e o da mamãe, também. A gente não vai deixar isso barato, não é, papai?", questiona o menininho.

O casal foi preso no domingo (23) à noite, mas foi liberado na manhã do dia seguinte. Mesmo com toda a situação relatada pela mãe, o caso foi registrado como lesão corporal e outras fraudes.

Na segunda-feira (24), o casal foi linchado pela população, pois supostamente estava com uma criança na casa onde mora, no Parque do Sol. O homem foi levado para a delegacia, novamente, e foi solto. A mulher foi para o UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário, onde está em observação.

A reportagem esteve no local para tentar conversar com o homem, mas a casa estava fechada. Os vizinhos descreveram o casal como "estranhos, mas educados", pois apenas cumprimentavam ao entrar ou sair do imóvel.

De acordo com o funcionário de mercado, 30 anos, o homem deixava várias cabeças de boneca em cima do muro. “Nunca vi criança lá dentro, mas essas cabeças de boneca sempre estavam em cima do muro”, disse.

Nesta terça-feira (25), a DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) esteve na conveniência para intimar e ouvir o menino, de 5 anos, ainda esta semana.

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