SUS não tem pulmão artificial "famoso” na luta de Paulo Gustavo
Em Campo Grande, a terapia Ecmo só é ofertada em hospitais privados
A torcida pela recuperação do ator Paulo Gustavo, protagonista de “Minha Mãe é uma Peça” e que desde 13 de março luta contra a covid-19, tornou popular a sigla Ecmo (Oxigenação por Membrana Extracorpórea).
No entanto, o pulmão artificial não existe no SUS (Sistema Único de Saúde) de Campo Grande. A terapia só é ofertada em hospitais privados, que atendem particular e convênios. Para quem pode pagar, o custo médio é de R$ 30 mil.
“Por se tratar de um tratamento de custo muito elevado, tanto no valor da máquina quanto no da equipe a ser empregada para acompanhar um único paciente, não está disponível ao SUS até o momento”, informa a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Ainda de acordo com a secretaria, a máquina é de uso experimental para o tratamento da covid-19 e substitui os pulmões. A exemplo da hemodiálise, quando uma máquina filtra o sangue de renais crônicos, a Ecmo deixa os pulmões em repouso, um “respiro”, na recuperação pela covid, que tem uma das características ser agressiva com o sistema respiratório.
Na Capital, a reportagem apurou que máquina é encontrada, por exemplo, na Santa Casa (mas não pelo SUS), Hospital da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), Hospital da Unimed e Proncor.
Dois pacientes com covid-19 utilizaram a terapia no Proncor. Um foi transferido para prosseguir com o tratamento em São Paulo e o outro faleceu.
O Hospital da Unimed informou nesta segunda-feira que até o momento, nenhum paciente com covid, internado na unidade hospitalar, teve indicação clínica para utilização da terapia.
De acordo com a Santa Casa, o aparelho já foi usado em alguns casos de cirurgia cardiovasculares. Mas a utilização não é custeada pelo SUS.
Situações extremas – Os ventiladores mecânicos levam o ar para os pulmões, onde a respiração é feita pelo paciente. Já a Ecmo assume a função dos órgãos, fazendo as trocas gasosas.
“A Ecmo é uma membrana extracorpórea de respiração, usada em situações extremas. Onde o sangue vai para fora do organismo do paciente, entra no aparelho, é oxigenado e se retira o gás carbônico”, afirma o presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Mato Grosso do Sul e médico no HU (Hospital Universitário), Henrique Ferreira de Brito.
A circulação do sangue para fora do corpo é feita por meio de dois cateteres. Nesta dinâmica, a máquina faz troca gasosa, onde sai gás carbônico e entra o oxigênio, que mantém o organismo em funcionamento.
O cirurgião torácico Oswaldo Gomes Júnior, do hospital Albert Einstein, explica que a Ecmo tem duas modalidades: venovenosa e venoarterial. “A venoarterial pode substituir pulmão e coração. A venovenosa substitui o pulmão do paciente, que é mais comum nessa pandemia. A indicação de Ecmo é muito precisa e muito restrita. São pacientes graves, com comprometimento pulmonar muito importante”, afirma o médico.
O paciente fica o tempo todo ligado á máquina. O tempo varia, em média, de sete a dez dias, mas pode chegar a um mês. “A Ecmo não é um tratamento, mas serve para dar um tempo para o pulmão do paciente se restabelecer”, destaca Oswaldo Júnior. (Matéria editada para acréscimo de informação)