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Capital

Tamanho de escolas reduz mais que a metade para driblar falta de dinheiro

Com pouca verba, agremiações se reorganizaram para sair na passarela

Anahi Gurgel | 27/02/2017 18:32
Fantasias da Vila Carvalho começaram a ser distribuídas nesta semana. (Foto: André Bittar)
Fantasias da Vila Carvalho começaram a ser distribuídas nesta semana. (Foto: André Bittar)

A falta de recursos para escolas de samba de Campo Grande não é novidade. Todos os anos, dirigentes reclamam do pouco investimento destinado ao desfile de Carnaval e, com a verba cada vez menor, em 2017 agremiações precisaram diminuir até mais que a metade o número de integrantes para conseguir fazer bonito na avenida.

Nas duas escolas mais tradicionais da Capital, a Unidos da Vila Carvalho e Igrejinha, eventos próprios foram promovidos para angariar fundos ao longo de 2016. A aposta também é em um formato mais compacto do desfile, com menos componentes, para marcarem presença na folia.

“Este ano, a agremiação terá no máximo 600 integrantes, 200 a menos em relação ao ano passado, quando a escola foi campeã. Essa readaptação não foi fácil, mas não brincamos no Carnaval. São Jorge vai nos ajudar”, acredita o presidente da Vila Carvalho, José Carlos de Carvalho, 73, destacando o tema deste ano: “Salve Jorge, o Guerreiro da Vila”.

“O trabalho da Vila Carvalho acontece o ano inteiro. Promovemos muitas feijoadas e abrimos nossos ensaios ao público para levantar dinheiro necessário para nosso Carnaval acontecer. Mesmo com pouca verba, nossos integrantes estão animados com o tema e iremos brilhar na passarela”, enfatiza.

Passista Fernanda da Silva foi conferir fantasias no barracão da Vila Carvalho. (Foto: André Bittar)
Passista Fernanda da Silva foi conferir fantasias no barracão da Vila Carvalho. (Foto: André Bittar)

A estudante Fernanda da Silva Araújo, 18, passista da Vila Carvalho há cinco anos, percebeu a diferença nessa readequação, mas o sorriso escancarado comprova que a empolgação não foi abalada.

“Todos estão acreditando muito que manteremos o título neste Carnaval. Tudo é feito com muito amor o ano inteiro, e os integrantes estão muito empenhados. Temos pouco recurso para as fantasias, mas muito amor ao samba”, conta.

O auxiliar administrativo Paulo Sérgio Basílio da Silva, 46, é um dos intérpretes de samba da Vila Carvalho. Ainda na cadeira de rodas, se recupera de um acidente de trânsito ocorrido há oito meses.

“Conquistar o título neste ano terá um significado especial para mim. Representará a superação de momentos difíceis e a certeza de que o samba me movimenta”, se emociona.

Ele voltou à Vila Carvalho após quase 17 anos representando outras escolas de samba. “Nunca deveria ter saído daqui”, diz, contando com orgulho que a esposa, Lilian dos Santos Basílio, 42, e as filhas gêmeas, Ana Clara e Ana Paula, 7, também são passistas da agremiação.

Paulo Sérgio se recupera de acidente de trânsito, mas vai ser um dos intérpretes de samba. (Foto: André Bittar)
Paulo Sérgio se recupera de acidente de trânsito, mas vai ser um dos intérpretes de samba. (Foto: André Bittar)

Na escola Igrejinha, campeã de 2015, também houve redução no número de componentes. “Teremos menos da metade dos participantes que desfilaram em 2016. Serão no máximo 350 pessoas. A bateria está 50% menor. Também reaproveitamos materiais para confecção das fantasias”, explica Cláudio Luiz de Brittes, 58, diretor de comunicação e ritmista.

“Os obstáculos financeiros não irão tirar o colorido e a paixão de nossa família para mostrar a história e a poesia de Manoel de Barros”, adianta a presidente da Igrejinha, Mariza Fontoura.

Recursos escassos - Este ano, as escolas de samba contam apenas com a verba de R$ 250 mil repassada pelo Governo do Estado, já que a Prefeitura de Campo Grande não destinou recursos para as agremiações. O Estado também bancou a sonorização do evento.

O presidente da Lienca (Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande), Eduardo de Souza, detalha que, desse total, as 6 escolas do grupo especial receberam cerca de R$ 31 mil reais cada, e as 2 do grupo de acesso aproximadamente R$ 18 mil cada.

“As arquibancadas montadas têm capacidade para 12 mil pessoas, e o público estimado é de 16 mil nesta primeira noite e de até 20 mil amanhã. A população deverá ter paciência, pois muita gente ficará de pé”, acredita. Ele lembra que a novidade neste Carnaval é arquibancada destinada à cadeirantes.

Gêmeas Ana Clara e Ana Paula, 7 anos, no barracão da Vila Carvalho nesta tarde (27). (Foto: André Bittar)
Gêmeas Ana Clara e Ana Paula, 7 anos, no barracão da Vila Carvalho nesta tarde (27). (Foto: André Bittar)

Programação – Na noite desta segunda-feira (27), os desfiles na Avenida Alfredo Scaff, na Praça do Papa, começam às 20h com a escola mirim “Os Herdeiros do Samba”. Na sequência, é a vez das agremiações do grupo de acesso “Unidos do Aero Rancho”, às 21h, e “Unidos do São Francisco”, às 22h10.

Ainda haverá apresentação das escolas do grupo especial “Cinderela Tradição”, às 23h30, e “Unidos do Cruzeiro”, à 0h40 de terça-feira (28).

Já às 20h desta terça, o público poderá acompanhar o desfile das escolas do grupo especial “Vila Carvalho”, às 20h, “Igrejinha”, às 21h10, “Catedráticos do Samba”, às 22h40, e “Deixa Falar”, à 0h40 de quarta-feira (29).

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