Carnaval da diversidade tem muito beijo, mas também uma dose de autocensura
E o bom seria se a mesma liberdade passasse da Quarta-Feira de Cinzas
Se o Carnaval não for a festa mais democrática que existe no País, não tem outra classificação para a folia. A rua também inclui a diversidade e é lindo ver que durante os dias de marchinha, casais homossexuais não precisam esconder carinho e podem partir para o beijaço em público. E melhor ainda seria se esta mesma liberdade se estendesse além da Quarta-Feira de Cinzas...
Na segunda noite de bloco na rua, na Praça Aquidauana, o Lado B se apaixonou junto com quem descobria um amor de Carnaval ou então estava curtindo a festa a dois. "A gente se conheceu no começo do ano e já estava meio assim", contam os meninos Lucas, de 18 anos e João Pichinim, de 19.
Se hoje eles podem se beijar em público? E como. "Imagina antes, quando só tinha hétero e do nada um casal gay começasse a se beijar? Eles iam falar que não podia. Eu acho que muita coisa mudou ao longo dos anos", comemora Lucas.
Há três anos juntos, Rogério e Fabiano curtiam na maior liberdade o Carnaval. No entanto, não podiam se exceder. Os beijos tinham de ter "limites". "Em certos momentos você consegue sim beijar, mas precisa ser discreto. É regulando tudo sempre, sabe?", fala o cabeleireiro Rogério Galeano, de 21 anos.
Ele diz que ainda não consegue se soltar, porque quem faz isso, parece estar "querendo mais alguma coisa". "É uma certa liberdade, mas dentro do que se limita ao consensual".
Sem receio de trocar beijo com outras mulheres, Carolina Apolinário, de 24 anos, é assumida há sete e vê no Carnaval um clima que propicia essa liberdade. "É energia, festa, essa empolgação e deveria ser assim o resto do ano essa desinibição, de todo mundo pode ser quem realmente é e o que quiser sem medo, sem amarras", desabafa.
Juntas há seis meses, Aline e Lorrayna, trocavam carinho, beijos e mãos dadas. "Carnaval permite, mas é preciso respeitar porque ninguém é obrigada a ver e ouvir. É cada um no seu quadrado", argumenta Lorraya Martins, de 16 anos.
Onde elas percebem que dá, se soltam mais. "Se é liberado, a gente se expressa. Se não é, dá uma segurada e aqui neste bloco cada um que vem aqui, se expressa abertamente, todo mundo é livre e faz o que quiser da sua vida", resume o casal.
No bloco, as duas não sofreram preconceito algum e terminaram e a entrevista num beijaço.
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