Terminais ganham segurança, mas água e banheiro castigam usuários
O patrulhamento da Guarda Municipal nos terminais de ônibus de Campo Grande, que começou nesta terça-feira (3), trouxe segurança para quem usa o sistema de transporte coletivo. No entanto, os locais aindam pecam pela qualidade da água e estado precário dos banheiros. Se a situação é ruim para quem está de passagem, é pior para quem trabalha e passa o dia inteiro no local.
No terminal Morenão, localizado na Avenida Costa e Silva, a maioria dos vendedores ambulantes traz água de casa. Vanni Mara Lopes, 37 anos, por exemplo, já passou mal ao usar o bebedouro. “Eu enchi minha garrafinha e no dia seguinte nem vim trabalhar. O médico disse que eu tive infecção”, contou.
Com relação ao sanitário, evita ao máximo usá-lo. Na hora do almoço, o marido dela cuida da barraquinha de objetos diversos enquanto ela vai para casa comer e usar o banheiro. “É muito complicado. Tinha que ter uma pessoa cuidando. Fizeram uma pequena reforma e em uma semana já estava tudo quebrado”, reclama.
Isabel Aparecida, 41 anos, vende bebidas e salgados no local e também já passou mal depois de beber água. “Mesmo quem freqüenta, não toma água porque tem medo de pegar doenças”, relata. Com relação ao banheiro, prefere sair do terminal e caminhar até o Paulistão, onde paga R$ 0,50 para usar o sanitário. “Aqui não tem banheiro de gente. Tem vezes que dá para sentir o cheiro de urina do lado de fora”, conta.
João Darks, que também tem uma barraquinha no Morenão, diz que a situação no local é bastante crítica. Ele usa uma garrafa térmica para guardar água, mas quando ela acaba, recorre aos comerciantes da região para enchê-la. “Aqui falta bastante estrutura”, reclama.
A estudante Cristina Vieira Alves, 30 anos, evita ao máximo tomar água e usar o banheiro do local. “Meu filho pede água e eu tenho que comprar. Tenho medo de pegar alguma doença. Com relação ao banheiro, é muito raro usar. É sujo e depredado”, opina.
Segurança – Vanusa Secco, 33 anos, é gerente da lanchonete que fica dentro do terminal e a presença dos guardas promete ser um alívio, desde que seja durante vinte e quatro horas durante os sete dias da semana, já que sábado e domingo a situação é mais crítica.
“Todo fim de semana nós nos sentimos inseguros. Já teve gente que furtou bolos que estavam no balcão. Os piores horários são no fechamento, às 23h30, e na abertura, às 5h. A gente chega e se tranca dentro do estabelecimento até chegar algum motorista ou conhecido”, conta.
O local já foi arrombado algumas vezes durante a madrugada, horário em que o terminal fica completamente vazio. “Já quebraram o vidro e levaram o dinheiro do caixa, balas, doces e outras coisas”, comenta.
Reforma - A Prefeitura anunciou investimentos de R$ 8 milhões na reforma dos nove terminais do transporte coletivo de Campo Grande, que recebem 185 mil passageiros por dia. Serão instaladas câmeras para reforçar a segurança nos locais. A previsão é gastar R$ 4,5 milhões por ano com a instalação e manutenção do sistema de videomonitoramento.
Outras duas licitações serão realizadas. Uma será para contratar empresa para realizar a limpeza e os serviços de jardinagem. A segunda para fornecer 24 vigilantes, que vão substituir o trabalho realizado desde hoje pelos guardas municipais.
“Para garantir a preservação das melhorias que serão implantadas com a reforma, precisamos reforçar a segurança com este monitoramento”, justificou a diretora-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Elizabeth Félix.
Além da reforma dos nove terminais, a Prefeitura conta com recursos do Projeto de Mobilidade Urbana para construção de quatro novos terminais de ônibus: Tiradentes, São Francisco, Parati e Cafezais.