UFMS irá apurar conduta de acadêmico que postou texto "satírico" sobre mulheres
Acadêmico de Medicina Lucas Mendonça usou como base texto sobre violência contra mulher e causou revolta
A UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) irá apurar a denúncia sobre a conduta do acadêmico de Medicina do 5º semestre, Lucas Müller Mendonça, que publicou paródia de um texto que tratava sobre a violência contra a mulher, tendo sempre como algoz o homem.
Em nota, a UFMS informou que a denúncia foi encaminhada à Ouvidoria e Corregedoria da universidade, em atendimento ao artigo 85 da Portaria nº 581/21 da CGU (Controladoria Geral da União), que estabelece orientações para o exercício das competências das unidades do Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal.
No artigo 85 consta que “o relato de irregularidades deverá ser dirigido à unidade de ouvidoria do órgão ou entidade a que esteja vinculada, a qual providenciará o seu cadastro, análise, tratamento e distribuição às áreas de apuração competentes”.
A portaria não trata de eventual penalidade, apenas sobre o encaminhamento de caso às ouvidorias.
Ainda na nota, a UFMS informa que “o fato ocorreu externamente às atividades institucionais” e que a universidade tem “como objetivo qualificar os profissionais e respeitar os preceitos constitucionais”.
Trânsito – A polêmica publicação de Lucas Müller Mendonça nas redes sociais resolveu “brincar” com texto publicado pela artista e fotógrafa Tracy Figg. Nele, ela fala de como a mulher é vítima da violência em diferentes fases da vida e em locais, alusão ao caso envolvendo o anestesista Giovani Quintella Bezerra, do Rio de Janeiro.
“Com meses de vida. Na infância. Na pré-adolescência. Adultas. Idosas. NO PARTO”. O texto finaliza com a frase “nem todo homem, mas sempre um homem”.
O acadêmico resolveu usar o texto de Tracy como base para dizer que a mulher é sempre a protagonista de imprudências e acidentes de trânsito. “No sinal vermelho, na pista molhada, loiras, morenas, na curva acentuada (...)”. Lucas termina de forma semelhante ao texto da fotógrafa. “Nem toda mulher, mas sempre uma mulher”.
A postagem dele causou revolta e denúncias de internautas para que ele fosse banido das redes sociais. A Atlética Medicina UFMS publicou nota de repúdio sobre o caso e, ontem, estava prevista reunião para discutir o assunto. A reportagem entrou em contato com o grupo, mas não obteve retorno para saber se realmente houve a reunião e qual foi a deliberação.
Em nota anteriormente publicada pelo Campo Grande News, o acadêmico se defendeu, dizendo que não comparou estupro com trânsito, mas que quis mostrar a “conclusão estapafúrdia do texto original, que imputa somente ao homem o crime de estupro”, justificou. “Nele, fiz uma sátira me referindo a infrações de trânsito e ironizei como se só as mulheres cometessem, o que é claramente não é verdade”. O mesmo argumento foi usado para se defender nas redes sociais.