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Capital

Vacinação é "penitência anual" para filha que vê mãe acamada há 11 anos

Maria José espera pela aplicação dos imunizantes da gripe e pneumonia na mãe de 87 anos

Natália Olliver | 17/05/2023 18:18
Maria José no quarto onde a mãe, Maria do Cramo, fica (Foto: Natália Olliver)
Maria José no quarto onde a mãe, Maria do Cramo, fica (Foto: Natália Olliver)

O ato da vacinação pode parecer simples e rápido para a maioria das pessoas, mas para Maria José Lacerda Gomes, de 61, é uma “penitência anual”. Isso porque a aposentada assiste à mãe, Maria do Carmo Simone Lacerda, de 87 anos, aguardar pela imunização contra pneumonia e gripe, feita pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), há meses.

Segundo ela, todo ano é uma luta para que a secretaria envie equipes à residência onde mora com a mãe, no bairro que também compartilha o mesmo nome das duas, Maria Aparecida Pedrossian.

A filha mostra onde a mãe fica na casa simples de paredes verdes. No local, há um ventilador humilde para refrescar Maria do Carmo, que no momento dorme, embora a filha alerte que está ouvindo a conversa. Maria José explica que a mãe está acamada devido a uma fratura no fêmur e que vive um dilema eterno com os postos de saúde de Campo Grande.

“Desde o mês de abril que vou no posto perguntando quando vem dar a vacina nos idosos de gripe e pneumonia. Eles falam que pedem na Sesau e eles não mandam, vai dar um mês e nada dessa vacina. Falam que não tem nada solicitado. Ano passado, demorou meses. Não é só a minha mãe que sofre, isso é com todos os idosos, por isso eu cobro”, disse.

A filha ressalta que além das vacinas, ela aguarda pela coleta do exame de sangue, procedimentos de rotina da mãe. “Eu acho que é uma falta de respeito pelos idosos. Ontem, o médico do posto aqui perto veio aqui examinar e ela tá bem. O que eu quero saber é quando essa vacina vai chegar. Estou cansada de cobrar”, disse.

Antes do incidente - Maria do Carmo, antes da fratura que a acamou, vivia ativamente. A filha explica que ela andava o quintal inteiro e gostava de estar junto da família. Hoje, quem cuida da enferma é a filha, Maria José, e os netos.

Cuidar não é fácil, há 11 anos, que estou nesse rojão, mas na covid muita gente perdeu os pais, e graças a Deus tenho ela”.

Maria José exige que a Secretaria Municipal de Saúde distribua a vacinação de gripe e pneumonia para acamados (Foto: Natália Olliver)
Maria José exige que a Secretaria Municipal de Saúde distribua a vacinação de gripe e pneumonia para acamados (Foto: Natália Olliver)

Ao Campo Grande News ela evidencia que o nome igual tem a ver com a escolha do bisavô, que fez questão que fosse igual. O pai queria que ela fosse batizada como Neide, apelido que até hoje é utilizado por amigos e pela própria família.

“Minha mãe era de boa, a gente ia nas consultas, médico de pulmão. Ela simplesmente quebrou o fêmur e desistiu de andar. Pra ela ir ao médico no mês que vem eu já liguei e solicitei a ambulância. Ela já não consegue usar cadeira de rodas, se não for assim nada feito. Ela só fica deitada”, disse.

Resposta - ‌Em resposta, a Sesau explicou que as unidades de saúde que realizam a vacinação domiciliar dos pacientes acamados possuem cronogramas. “É necessário que o responsável pela paciente entre em contato com a unidade para que eles coloquem na programação de atendimento”.

Questionada sobre quando as doses contemplariam os acamados no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, a pasta completou que não há uma data específica, mas que a vacinação deve acontecer nas próximas semanas. ”Estão finalizando os asilos e devem começar a fazer os pacientes cadastrados”.

Ventilador usado por Maria do Cramo (Foto: Natália Olliver)
Ventilador usado por Maria do Cramo (Foto: Natália Olliver)


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