Em novo tipo de golpe, estelionatário clona anúncio de veículo da OLX
Polícia alerta que golpistas agem como intermediários na compra e venda de um veículo
Uma nova maneira de estelionato vem chamando a atenção da Polícia Civil, que faz um alerta para que a população se previna. Pelo golpe, um intermediário se envolve na compra e venda de um veículo que existe e engana o proprietário e o interessado.
De acordo com a delegada Aline Sinnott da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos), nos últimos tempos os estelionatários estão aprimorando os golpes e um tipo, em particular, tem chamado a atenção. Nesta nova modalidade, um golpista clona um anúncio de um veículo que existe, normalmente publicado em sites de venda como OLX, mas com um valor inferior e seus dados para contato.
O comprador, interessado pelo preço, entra em contato com o estelionatário que age como um intermediário com o vendedor. A cada um deles, o golpista afirma que o outro tem uma dívida com ele e os convence de não conversarem sobre valores quando for feita a visita para ver o veículo.
Assim que o negócio é fechado, o intermediador informa ao comprador a conta bancária para depósito - geralmente mais de uma -, e fornece ao vendedor um recibo de depósito falso. No que o proprietário entrega o veículo para o comprador. O golpe somente é descoberto quando o comprador verifica que o depósito não foi realizado.
Casos - No Mato Grosso do Sul, em 2018, aconteceram 46 casos confirmados e outras 40 tentativas. Neste anos 3 golpes já foram aplicados e houve 1 tentativa. O último aconteceu nesta sexta-feira (4), na venda do cavalo de um caminhão.
O golpista intermediou a venda entre um morador de Campo Grande e um de Sidrolândia. O vendedor pedia R$ 220 mil pelo cavalo e o golpista fez anúncio do mesmo veículo pelo valor de R$ 160 mil. O comprador fez depósito em três contas.
No pátio da Defurv há também um trator que foi alvo do mesmo crime. Apesar destes dois exemplos com veículos de valores altos, a delegada alerta que carros de passeio e motos e outros automóveis também são alvos do golpe.
Características - Segundo Aline Sinott, o estelionatário nunca está presente durante as intermediações. “Ele liga, manda mensagens pelo WhatsApp, mas nunca aparece”, explicou ela durante coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (10).
Os números de telefone utilizados pelos golpistas normalmente são de Mato Grosso do Sul, e também de estados como São Paulo e Paraná, que estão em nome de laranjas. As contas utilizadas para os depósitos são normalmente do nordeste, também em nome de laranjas, o que dificulta as investigações.
O fato de os depósitos sempre serem realizados em mais de uma conta, faz com que o dinheiro se espalhe rapidamente, até porque as retiradas podem ser feitas em qualquer parte do Brasil, declara a delegada. Pelas características, a polícia tem a suspeita de que os golpes estão sendo aplicados de dentro dos presídios, mas ainda não tem como comprovar a teoria.
A seguir, algumas dicas preparadas pela Defurv para evitar os golpes:
- Nunca repasse seus dados (fotos, documentos) por telefone ou aplicativos de conversação, sem a certeza da idoneidade da pessoa que está negociando;
- Nunca entregue seu veículo ou assine qualquer documentação de transferência sem a certeza que o valor pago foi devidamente creditado em conta bancária;
- Evite aceitar depósitos bancários por meio de envelope. Nesse caso, apenas efetue qualquer ato de entrega, após a certificação do crédito dos valores na conta bancária;
- Não negocie com intermediários sem referências. Negocie diretamente com o proprietário, ou pessoa devidamente autorizada documentalmente;
- No caso de compra, nunca deposite valores na conta de estranhos, sem a certeza que é a pessoa autorizada para a transferência veicular;
- Sempre confirme o crédito das transações via TED, junto a sua instituição financeira antes da entrega do veículo;
- Certifique-se sempre acerca da existência do veículo. Não confie apenas em fotos repassadas via aplicativos. Em caso de impossibilidade de verificar pessoalmente, peça que alguém de sua confiança certifique a existência do bem, além de verificar de que está negociando diretamente com o proprietário do veículo;
- Não confie em “prints” de comprovantes de pagamentos encaminhados via aplicativos sem a devida conferência em sua conta bancária.