Vereador presta concurso da Câmara e avalia prova como “bastante difícil”
Betinho foi um dos 91 inscritos em concorrência para técnico em segurança do trabalho, área na qual atua há 12 anos
Entre os mais de 18 mil candidatos com inscrições deferidas no concurso público da Câmara Municipal de Campo Grande, 91 ambicionam o cargo de técnico de segurança do trabalho, que disponibiliza apenas uma vaga que exige Ensino Médio e curso na área. Entre eles, um concorrente que já atua na Casa de Leis, em cargo no qual a disputa se deu no voto.
Roberto Santana dos Santos, o vereador Betinho (PRB), participou na tarde deste domingo (17) das provas para os cargos que exigem nível médio. Assistente social por formação, ele atuou por 12 anos como técnico de segurança do trabalho em empresas como a Brasil Telecom e também no Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho –no qual chegou à vice-presidência.
“Foi bastante difícil”, afirmou o vereador, após realizar o exame. A exceção, segundo ele, envolveu as questões do Regimento Interno da Câmara –o que faz parte do “metier” do vereador, como ele afirmou– e da atuação como técnico na área. O motivo para tentar a sorte no processo seletivo, explicou Betinho, foi a possibilidade de continuar a colaborar em um tema que já levou para o plenário.
“Quando eu assumi, em abril de 2015, propus uma emenda sobre a acessibilidade nos prédios públicos. Hoje a Câmara carece disso, do elevador, uma estrutura que precisa ser melhorada”, afirmou Betinho. Ele descartou relação entre o concurso e o salário para a função –de cerca de R$ 1,6 mil, bem abaixo do subsídio de R$ 15 mil que ele percebe como vereador.
“É por gostar da área. Gosto de atuar em segurança do trabalho, da qual saí justamente para dar a parcela de contribuição pela minha experiência técnica na área da acessibilidade”, afirmou. “Quis contribuir para deixar um legado. Assim como há vereadores que são delegados, oficial de justiça, médicos”, emendou Betinho.
“Natural” – O vereador disse também estar pronto para os questionamentos que virão por sua participação no concurso, avaliando ser um “processo natural”. “Quem está na vida pública costuma ser visto de forma diferente, sempre vai haver isso”, destacou.
Em caso de aprovação, porém, Betinho ainda não sabe se assumiria o cargo no concurso. Isso porque, em caso de confronto com o mandato, ele garante continuar o trabalho como vereador. “Se houver algum problema jurídico com certeza abro mão, até porque quero contribuir. Estando ou não no cargo posso fazer isso”.
A rigor, a jornada de trabalho dos servidores a serem admitidos no concurso é de 30 horas semanais –ou 6 horas por dia. Tecnicamente, abriria a possibilidade de conciliar mandato e a atividade funcional, desde que não haja confronto de horários, como já ocorre com alguns parlamentares que exercem cargos em outros órgãos.
“A diferença é que ali é interno da própria Câmara. Isso precisa ser consultado, mas se houver impedimento, não assumo”, destacou Betinho, afirmando ainda ter três anos de mandato. “A população me confiou essa oportunidade, seria desaprovação de toda essa confiança. Cumpro o mandato integralmente”.