Famasul contabiliza 65 fazendas invadidas em Mato Grosso do Sul
Já são 65 fazendas ocupadas em Mato Grosso do Sul, segundo levantamento da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), feito na manhã desta quinta-feira. Apesar de algumas invasões já durarem anos, o conflito entre fazendeiros e indígenas se intensificou no Estado depois da invasão da fazenda Buriti, em Sidrolândia, no dia 15 de maio.
Hoje pela manhã, a fazenda amanheceu vazia. Lideranças chegaram a dizer que era um voto de confiança no Governo Federal depois da reunião de ontem com o ministro da Justiça. Mas horas depois, grupo de cerca de 30 pessoas voltou a acampar na propriedade e já está plantando.
Até o dia 31 do mes passado, 63 propriedades haviam sido ocupadas. Hoje, o levantamento contabiliza que mais três fazendas foram invadidas nos últimos cinco dias, totalizando 65.
Há informações de que além destas, outras três propriedades, entre elas as fazendas Vassoura e Quitandinha, teriam sido ocupadas, mas a Famasul não confirma os dados, e ratifica que são 65 propriedades.
Só na região de Sidrolândia, a 71 km de Campo Grande, 10 fazendas estão ocupadas, segundo os índios terenas. A etnia está acampada nas fazendas Buriti, São Sebastião, Água Doce, Lindóia, São José, Querência, 3R, Flórida, Santa Clara e Bom Jesus.
Em Mato Grosso do Sul, onde vive a maior população indígena do país, 73 mil pessoas, são 28 mil índios terenas, divididos em sete reservas e 20 mil hectares, de acordo com a Funai.
Conforme a Famasul, as etnias terenas e guarani-kaiowás são responsáveis pela ocupação nas fazendas do Estado. Na região de Bela Vista, desde 1980 índios guaranis vivem em um das fazendas, é a mais antiga ocupação que se tem registro em Mato Grosso do Sul.
Dos 896 mil índios no país, 517 mil vivem em terras indígenas, segundo a Federação da Agricultura. Estima-se que em Mato Grosso do Sul, 16 mil índios vivam fora das terras indígenas. Em todo país, esse número chega 379 mil.
Demarcações: A maior parte das terras no Estado foi demarcada entre 1915 e 1928, e a maioria não tem mais de 3 mil hectares. Estudos apontam que 601 hectares são regularizados. Conforme matéria publicada na Folha de São Paulo, “em comparação com a região amazônica, os indígenas de Mato Grosso do Sul dispões de áreas pequenas, superpovoadas e próximas a centros urbanos”.
Segundo a Famasul, em Sidrolândia 12 propriedades estão ocupadas. Em Dois Irmãos do Buriti o número chega a sete. Em Amambai, Bela Vista, Dourados, Iguatemi, Rio Brilhante e Sete Quedas há uma propriedade invadida em cada município. Duas fazendas estão ocupadas em Aral Moreira e Juti.
Antonio João, Douradina, Japorã, Maracaju, Miranda e Ponta Porã possuem três fazendas invadidas cada um. Em Caarapó são quatro fazendas ocupadas e em Coronel Sapucaia são cinco propriedades. A cidade de Paranhos tem hoje oito fazendas invadidas.