Agepen investiga morte de detento enforcado pelo PCC dentro de presídio
Por questão de segurança, agência não divulgou detalhes do caso, que ocorreu na penitenciária de Dourados; em vídeo gravado dentro da cadeia, preso admite que pertencia ao Comando Vermelho
A Polícia Civil e a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) estão investigando o assassinato do detento Divino Ferreira, 28, encontrado morto por enforcamento na PED (Penitenciária Estadual de Dourados) na quarta-feira (21).
Conhecido como “Chimbinha”, o preso aparece em um vídeo, gravado com celular dentro da cadeia, admitindo ser simpatizante da facção Comando Vermelho e que por isso iria morrer. O vídeo foi gravado por pelo menos outros dois detentos, integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), grupo rival ao Comando Vermelho.
Além do vídeo com a mensagem de Divino aos antigos companheiros de facção, outro foi gravado após ele ser enforcado. Nas imagens, um detento arrasta o corpo dele puxado pela corda amarrada ao pescoço da vítima enquanto outro pisa no cadáver.
“O caso está sendo investigado para que medidas sejam tomadas”, se limitou a informar a Agepen, através da assessoria de imprensa. Segundo a agência, por medida de segurança não pode revelar mais detalhes sobre a morte.
Além do assassinato ocorrido possivelmente durante o banho de sol, a Agepen terá de explicar como os vídeos foram gravados dentro da penitenciária sem que as cenas tenham sido vistas pelos agentes penitenciários. A presença do celular nas celas também deve ser alvo das investigações.
Mensagem ao CV – A gravação começa com Divino se apresentando e confessando ter baleado duas crianças e uma senhora. Em frente ao aparelho celular, o preso afirma ter sido simpatizante do Comando Vermelho e que deixaria um recado.
“Meu nome é Divino Ferreira, baleei duas crianças e uma senhora. Fui simpatizante do Comando Vermelho, oposição, e hoje venho deixar um recado aqui para todos, que está aqui no MS, no estado do MS, que quem tá aqui é o PCC. É o PCC que tá na pista aí, dando recado para os “coisa brava”, que é a oposição(sic)", afirma, antes de ser morto.
“Eu vou morrer hoje entendeu, porque eu fui simpatizante do CV, da oposição, e chamava o PCC de PCxota, PCcu e, por isso, que eu vou morrer(sic)”, diz o detento, a mando dos outros presos.
A morte – Divino Ferreira foi encontrado morto por enforcamento na PED por volta de meio-dia de quarta-feira (21) no pátio do raio II do presídio, onde ficam detentos ligados às facções criminosas.
De acordo com o boletim de ocorrência, o corpo estava pendurado em uma grade, no pátio do pavilhão. O caso foi registrado na Polícia Civil como morte a esclarecer, mas o corpo possuía sinais de violência, o que afastava a possibilidade de suicídio. Os vídeos divulgados através de aplicativos confirmaram o assassinato.
Condenado por tráfico de drogas, Divino Ferreira tinha sido transferido de Ponta Porã para Dourados no dia 16 deste mês.