Após insistir, só na 3ª consulta pais descobrem estado grave de filha de 1 ano
Diagnosticada com pneumonia, a menina já passou por duas cirurgias e respira com ajuda de oxigênio
Após idas e vindas ao Hospital Regional de Aquidauana, distante 41 quilômetros de Campo Grande, somente na terceira consulta os pais de uma criança de um ano descobriram que a filha precisaria ser transferida para uma unidade de saúde da Capital, em estado de saúde considerado grave. Diagnosticada com pneumonia, a menina já passou por duas cirurgias e respira com ajuda de oxigênio.
A avó materna da criança, Valdirene Malheiro Queiroz, 44 anos, procurou o Campo Grande News e informou que há um mês luta, ao lado da filha, para tentar salvar a vida da neta. Conforme relatado por ela, a criança foi levada três vezes ao hospital de Aquidauana, nas duas primeiras mandaram voltar para casa, e somente na terceira vez fizeram exame de raio-x e perceberam que ela não estava bem.
“Eu a levei no hospital nos dias 4,5 e 6 de agosto porque estava com febre, chegando lá no primeiro dia passaram um antibiótico e mandou ir para casa, falaram que o pulmão estava limpo e não deram diagnóstico. No segundo dia, minha filha voltou lá com ela, pediu que fizessem um exame de raio-x e permaneceram falando que o pulmão estava limpo e não tinha necessidade”, relatou.
A criança, então, voltou para casa e após tomar a segunda dose do remédio acordou com falta de ar. “Retornamos ao hospital, recolheram o remédio porque deram dose alta, eles receitaram 7ml, mas para idade dela era só 3ml. A alta dosagem fez mal, a barriga dela inchou, e passaram um remédio para gases, afta e supositório”, explicou.
Novamente a família foi embora e a criança continuava passando mal. “Conversei com a minha filha, fizemos uma vaquinha e levamos ela em um médico particular. Pagamos R$ 300 na consulta, ele a examinou e mandou a gente ir na hora para o hospital porque suspeitava que o pulmão dela estava parado. Ele foi no hospital, fez o raio-X e no mesmo instante solicitou vaga zero para ela no Hospital Regional de Campo Grande”.
Já na Capital, a menina foi submetida a duas cirurgias. “Deram medicamento, a saturação dela regularizou e operaram ela. Quando foi meia hora depois da cirurgia, deu uma parada cardíaca e ela foi entubada. Depois de oito dias tiraram a sedação, ela ficou quatro dias acordada e operou de novo. Está com dois drenos no pulmão, dois cortes embaixo do braço, passou mais nove dias entubada e agora está acordada respirando por oxigênio, mas continua muito mal”, lamentou a avó.
Valdirene revelou que a o pulmão da criança não está reagindo. “A médica disse que provavelmente vai ter que operar novamente, porque o pulmão continua parado”.
Hoje, de acordo com Valdirene, a neta encontra-se internada no quarto do hospital, foi tirada do CTI (Centro de Terapia Intensivo), sem condições de respirar. “Quero que subam ela para o CTI de novo. Não tem condição de ficar no quarto, ela pode morrer lá. Procurei a Corregedoria e falaram que se ela passar mal, vão ter que levar de novo para o UPA (Unidade de Pronto Atendimento), fazer de novo o começo do processo para poder encaminhar para CTI. Um absurdo, a menina está passando mal. Estou pedindo ajuda antes que aconteça o pior, depois que acontecer não adianta mais”, expôs indignada.
Ao finalizar a conversa, Valdirene disse à reportagem que o erro começou no hospital de Aquidauana. “O diretor me ligou pedindo desculpa, falei que a desculpa dele não iria trazer minha neta sã para casa”.
Vídeo enviado por Valdirene mostra a menina respirando com dificuldade. Além disso a reportagem teve acesso ao exame de raio-X do pulmão da criança.
Posicionamento – O Campo Grande News conversou com o médico e diretor clínico do Hospital Regional de Aquidauana, Fábio Augusto. O médico esclareceu que o problema da criança não foi causado por uma superdosagem do remédio, como alega avó. “A dosagem para criança é por quilo de peso, se eu passo acima do recomendado, eu posso ter eventos que não são baseados numa resposta alérgica ou imunológica diferente, o remédio em excesso em uma, duas ou três doses a mais não seria o culpado como ele alega. Não é o efeito colateral de uma superdosagem”, esclareceu.
Questionado sobre a criança ter sido liberada para ir embora sem exame de raio-X, Fábio explicou que “o paciente primeiro passa por uma triagem com enfermeiro e em nenhum desses momentos a criança apresentou alteração da parte respiratória, febre e queda da saturação, o que justificaria a ausência do exame de imagem. A médica auscultou pulmão e não percebeu alteração dentro dos padrões de atendimento, ela fez o correto. O exame clinico físico, dentro da medicina, é mais importante do que de imagem, o raio-X é corroborativo, em uma escala de prioridade primeiro a gente examina e foi o que a médica fez”, disse.
Já no terceiro dia de atendimento, o médico informou que a família procurou o pediatra do hospital. “Nessa consulta, o médico optou por solicitar a vaga zero ao ver os exames. A criança teve uma infecção pulmonar que levou a um derrame pleural, ou seja, quer dizer que ela estava com líquido nos pulmões, complicação do resultado da infecção. Como não temos UTI Neonatal aqui, o médico solicitou a transferência para a retirada mecânica do líquido”, concluiu.
O Hospital Regional de Campo Grande respondeu, em nota, que possui canais específicos para lidar com quaisquer dúvidas, sugestões ou reclamações. "O HRMS tem como objetivo assegurar que cada cidadão receba atendimento compassivo e eficiente, promovendo saúde e bem-estar", finalizou a assessoria.
(*) Matéria editada às 11h28 para acréscimo de nota.
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