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Interior

Chefe de furtos em fazendas planta 500 hectares de soja com dinheiro do crime

Alvo de 16 processos e inquéritos, Carlos Fischer está preso desde fevereiro

Helio de Freitas, de Dourados | 12/04/2021 14:05
Caminhonete e colheitadeira avaliadas em R$ 250 mil apreendidas hoje (Foto: Divulgação)
Caminhonete e colheitadeira avaliadas em R$ 250 mil apreendidas hoje (Foto: Divulgação)

Apontado como chefe da principal quadrilha de ladrões de Mato Grosso do Sul especializada em furtos em fazendas, o douradense Carlos Fischer, 42, cultiva pelo menos 500 hectares de soja usando defensivos agrícolas, sementes e máquinas levados das propriedades alheias.

Casado com uma mulher de etnia indígena, Carlos Fischer mora em casa de alto padrão na aldeia Jaguapiru, em Dourados, onde mantém oficina mecânica e cascalheira, empresas de fachada, segundo a polícia.

Fischer foi preso no 25 de fevereiro deste ano na Operação Big Fish (peixe grande, em inglês), e está na PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

Acusado de série de furtos contra propriedades rurais em Nioaque, Bonito, Jardim e Bodoquena, Fischer teve a prisão preventiva decretada. Ele também foi autuado em flagrante por crime ambiental por causa de agrotóxico armazenado ilegalmente em sua oficina.

Veículos, máquinas agrícolas e até uma carreta avaliada em pelo menos R$ 250 mil já foram apreendidos pela polícia em operações contra a organização criminosa comandada por Carlos Fischer.

Carlos Fischer (de bermuda) no dia em que foi preso, em fevereiro (Foto: Adilson Domingos)
Carlos Fischer (de bermuda) no dia em que foi preso, em fevereiro (Foto: Adilson Domingos)

Nesta segunda-feira (12), a Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira) apreendeu mais uma caminhonete F1000, possivelmente furtada em Nioaque, e uma colheitadeira com plataforma, também avaliadas em R$ 250 mil.

Segundo o delegado Rodolfo Daltro, as lavouras exploradas por Carlos Fischer estão espalhadas por terras das aldeias Bororó e Jaguapiru (que formam a reserva de Dourados) e na terra indígena Tey Kuê, no município de Caarapó.

Para dificultar as apreensões, Fischer deixa os veículos e produtos furtados em vários locais diferentes, principalmente em terras indígenas pertencentes a pessoas ligadas à família da mulher. A caminhonete e a colheitadeira apreendidas hoje estavam em um sítio na aldeia Jaguapiru.

Na semana passada, outra caminhonete, modelo F4000, sementes e adubos foram apreendidos no sítio de um dos filhos de Carlos Fischer, na mesma aldeia.

Nos últimos dois meses, a Defron recuperou três caminhonetes e equipamentos agrícolas furtados em propriedades rurais pela quadrilha de Fischer, baseada em Dourados, mas que atua em quase todo o Estado.

Carlos Fischer responde a pelo menos 16 inquéritos policiais e processos judiciais por furtos e organização criminosa. No ano passado ele chegou a ser preso duas vezes, mas pagou fiança de até R$ 21 mil e continuou em liberdade.

Entre os demais integrantes da quadrilha está o genro de Carlos Fischer. Matheus Ricciardi Sobrinho, 35, foi preso com o sogro na operação de 25 de fevereiro, pagou fiança de R$ 10 mil e ficou em liberdade.

Apontado como especialista em remarcar chassi de veículos furtados, Matheus foi autuado em flagrante no dia da operação por causa de caminhonete F1000 furtada em Bodoquena e encontrada durante as buscas na casa onde mora com o sogro, na Aldeia Jaguapiru.

Na audiência de custódia, no dia seguinte à prisão, o juiz da 2ª Vara Criminal acatou a fiança de R$ 10 mil estabelecida pela Polícia Civil. O valor foi pago e Matheus colocado em liberdade.

Na semana seguinte, no entanto, a Justiça Estadual em Nioaque (onde corre o inquérito policial contra a quadrilha) decretou a prisão preventiva de Matheus, cumprida pelo SIG (Setor de Investigações Gerais), da Polícia Civil.

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