Com plano de reunir 300 famílias, acampamento brota à beira da BR-262
Com projeção de ter até 300 famílias, o acampamento Estrela 10 brota às margens da BR-262, perto de Terenos. Com as bandeiras MAF (Movimento de Agricultura Familiar) e FNL (Força Nacional de Luta), o acampamento recebeu os primeiros moradores em 23 de janeiro. No último sábado (dia 19), a reportagem encontrou gente construindo barracos. A água vem de três poços artesianos e a energia, de um gerador.
Luiz Nunes Ribeiro, 73 anos, chegou há 15 dias. Nesse tempo, ergueu um barraco para si e dois, ao lado, para as filhas. Na pequena faixa de terra em frente aos lares, ele plantou folhagens, como couve e coentro. “Agricultura é meu forte”, diz, mostrando as mãos calejadas. Ele morava em Terenos, mas foi para o barraco, onde cabe uma tarimba e uma mesa.
No sábado, as filhas não estava no acampamento, mas Luiz diz que estava em boa companhia. “Estou com Deus”.
O casal Vanderson Amorim de Souza, 26 anos, e Rosa Pereira, 34 anos, também trocou Terenos pelo acampamento. Eles e os três filhos estão há dois meses no local. “Vamos conseguir um lote, se Deus quiser”, diz Vanderson.
A possibilidade de ganhar um pedaço de terra também levou Ana Rita Rodrigues, 46 anos, o marido e os dois filhos para um barraco às margens da rodovia. Ela conta que uma Kombi passa e leva as crianças para a escola. Já a luz vem do gerador, alimentado com combustível doado pelo acampados. “Cada família contribui com dois, três litros de gasolina”, conta Ana Rita.
Liderança no acampamento, Rosana Correia, 39 anos, afirma que já são 150 famílias, com pretensão de chegar a 300. “São oito fazendas na região de Terenos. [Os processos] estão lá em Brasília. Mas não sei onde é”, diz.
Com barracos vazios, ela conta que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não exige que a pessoa more no acampamento, mas que tenha inscrição no cadastro da Reforma Agrária. “Eles não dão cesta básica e as pessoas têm que trabalhar”, justifica.
Aos fundos do seu barraco, composto por três cômodos, ela cria 380 frangos. A intenção é engordar e vender. Rosana relata que são cinco anos à espera de lotes em Mato Grosso do Sul, mas, que neste período, só houve um assentamento da MAF, localizado em Mundo Novo. “Mas era assentamento urbano. Existe a terra, mas com a política do jeito que tá”, diz.
O MAF, de bandeira azul, se junto ao vermelho do FNL. “O MAF não faz baderna, mas o movimento do Zé Rainha abre as portas nacional, em Brasília”, diz Rosana, cujo barraco tem as duas bandeiras. José Rainha é ex-lider do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-terra). O MAF tem 15 acampamentos, todos com nome de Estrela, em Mato Grosso do Sul.
Possível – O ritmo lento marca a Reforma Agrária, alvo de ações da Justiça em Mato Grosso do Sul. O último assentamento foi inaugurado em 2012, no município de Sidrolândia. De acordo com o superintendente do Incra, Humberto de Mello Pereira, de fato, foram vistoriadas fazendas em Terenos.
“Tem algumas fazendas que foram vistoriadas no período anterior, encaminhadas do procedimento normal do Incra. É possível”, diz, sem detalhar quais fazendas. O Incra tem 203 assentamentos, com 31.800 famílias assentadas em Mato Grosso do Sul.
Confira a galeria de imagens: