Dentista que atropelou e dilacerou garoto de 6 anos pede perdão
Gustavo Moreira Marques disse que se pudesse voltaria atrás para evitar o acidente
A caminhonete Dodge Ram que atropelou, matou e dilacerou o corpo do indiozinho Elian Fernandes Lopes, 6, na madrugada de sábado (13) em Dourados (a 233 km de Campo Grande), era conduzida pelo dentista Gustavo Moreira Marques, 28.
Cinco dias depois do atropelamento que deixou partes do corpo do menino espalhadas pela pista do anel viário, ao lado da reserva indígena mais populosa do país, Gustavo se apresentou nesta quinta-feira (18) à Polícia Civil acompanhado de dois advogados.
Chorando, Gustavo, que tem descendência indígena e atende moradores das aldeias Bororó e Jaguapiru, pediu perdão à família de Elian e à comunidade e disse que se fosse possível faria de tudo para voltar atrás e evitar o atropelamento.
Veja o vídeo:
O advogado Rubens Saldívar, que acompanhou Gustavo junto com o colega Celso Bert, disse que o dentista não sabia no momento que se tratava de uma criança.
“Pelo horário, ele jamais imaginou que uma criança estaria de madrugada na rodovia. Ele acreditou se tratar de qualquer outro fato (sic), menos uma criança”, afirmou Saldívar. Segundo ele, Gustavo só se apresentou agora temendo represália por parte da comunidade indígena.
No dia da morte, a mãe do menino relatou que o filho tinha problemas mentais sempre fugia de casa. Ela disse que Elian tinha saído na noite de sexta-feira. O acampamento onde a família mora fica a poucos metros da rodovia.
O dentista se apresentou horas depois de agentes do SIG (Setor de Investigações Gerais) apreenderem em uma oficina mecânica na Rua Coronel Ponciano, na Vila Industrial, a caminhonete envolvida no atropelamento. As equipes investigavam o caso desde o início da semana.
A Dodge Ram estava sem o para-choque dianteiro, mas na grade do radiador ainda havia cabelos a vítima. Na oficina, os policiais foram informados que o proprietário tinha deixado o veículo para o conserto alegando ter atropelado um animal na estrada.
Como os detalhes batiam com o veículo do acidente, a Ram foi apreendida. Na delegacia, os policiais identificaram o proprietário, cujas características batiam com as da pessoa que havia deixado a caminhonete na oficina.
Sabendo que a caminhonete tinha sido apreendida e que pelo documento a polícia chegaria até ele, Gustavo decidiu se apresentar espontaneamente. Na Polícia Civil, Gustavo foi ouvido pelo delegado Erasmo Cubas, do SIG, e liberado. “Vamos atrás dos demais elementos para concluir a investigação e o correto indiciamento”, disse o delegado.