Em Sidrolândia, mãe que deu à luz no Enem é assunto de cada esquina
A história está na ponta da língua do povo, que já sabe contar até os detalhes de como tudo aconteceu quando uma das candidatas do Enem (Exame nacional do Ensino Médio) deu à luz dentro do banheiro da escola onde ela realizaria a segunda etapa da prova, no domingo (4), em Sidrolândia.
A cidade do interior de Mato Grosso do Sul, de 47 mil habitantes, de repente estava nos destaques na mídia nacional. O fato inusitado deu o que falar e ainda rende comentários entre os sidrolandenses. De quem acompanhou de perto a quem só ouviu o "diz que me disse", na região não se fala em outra coisa que não seja sobre a mãe mais famosa do momento.
No hospital onde Pâmela de Oliveira Lescano, 17 anos, ficou internada com o filho após o parto, a movimentação foi atípica desde ontem, quando começou o assédio da imprensa. "O hospital ficou famoso, ainda bem que é por um fato bacana, o nascimento de uma criança, né!?", brinca a atendente do hospital Olga Basílio Baldin Silva.
Para qualquer um nas ruas da cidade, é só iniciar o assunto sobre "a mãe que deu à luz na escola" e pronto. A roda de conversa aumenta e cada um traz um detalhe diferente para acrescentar à história mais falada dos últimos dias. "Eu vi a hora que a ambulância do Samu entrou no colégio, e em pouco tempo o que aconteceu já virou notícia", conta Daiane Alves Grião, 24 anos, que mora na esquina da escola.
Edevaldo Garcia Barbosa, 26 anos, ficou sabendo do fato pelo irmão, que fez a prova no mesmo colégio de Pâmela. "Ele saiu do Enem e veio aqui tomar tereré com a gente, e já contou o que tinha acontecido para a galera", comenta. Sobre a notícia ter se espalhado rápido, ele pontua: "Cidade pequena é assim mesmo, antes de sair no jornal todo mundo já sabia e comentava".
Em um restaurante na saída de Sidrolândia, a repercussão do assunto não é diferente. "Não tem como não ficar sabendo, é só o que o povo comenta aqui", afirma o atendente Genivaldo Sanabria, 35 anos. Mas a fama repentina da pequena cidade é algo positivo, no ponto de vista dele. "Aparecemos no mapa e com uma notícia boa, fiquei feliz", enfatiza.
Exemplo - Na escola estadual Catarina Abreu, onde a adolescente realizaria a prova e teve o filho, o bafafá não ficou restrito aos funcionários, dos quais muitos presenciaram o fato inédito e ainda ajudaram a correr atrás dos utensílios para a técnica de enfermagem Lucimare auxiliar a Pâmela no parto. O falatório foi também entre os alunos, que viram na televisão o colégio onde eles estudam.
O diretor de lá, Antônio Paiva, pegou uma carona no acontecido e resolveu levar o exmplo para as salas de aula. Ele disse que orientou os professores a repercutir o fato com os alunos do 6° ano do ensino fundamental ao 3° ano do ensino médio.
"Os alunos estavam perguntando como que foi, o que aconteceu, então resolvi conversar com os professores e transformar tudo isso em aula, de forma didática, que possa servir como informação para eles", ressalta o diretor.
Mas o que Paiva não esperava era que os alunos fossem se envolver tanto. "Falamos sobre o pré-natal, os cuidados durante a gestação, a importância disso para a mãe e o bebê,além do local onde a garota deu á luz, um banheiro cheio de bactérias", explicou.
O diretor conta, surpreso e orgulhoso, que as aulas ficaram atrativas para os alunos, já que é o assunto mais comentado da cidade, e com isso eles participaram mais da discussão em sala. "Eles fizeram muitos questionamentos e também deram opiniões, foi interessante", comentou Paiva.