Funai e PF vão a local onde indígena foi baleado em disputa por terra
Guarani-kaiowá de 43 anos de idade levou tiro na perna esquerda e está internado em Dourados
Equipes da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), da Polícia Federal e do MPF (Ministério Público Federal) devem seguir ainda na manhã desta segunda-feira (15) para o município de Douradina, onde indígena de 43 anos de idade foi ferido com tiro na perna durante suposto ataque promovido por proprietários rurais.
Vídeos gravados pelos próprios indígenas mostram várias caminhonetes seguindo em direção ao grupo que estava em uma estrada de acesso às propriedades (veja imagens acima). A área em disputa faz parte da Terra Indígena Panambi/Lagoa Rica, delimitada em 2011, cujo processo de demarcação está paralisado.
Em notas e vídeos divulgados ontem à noite nas redes sociais, a Aty Guasu (Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani) denunciou que fazendeiros armados atacaram os indígenas do tekoha “Guayrakamby”i, que na noite anterior teriam “retomado” parte das terras.
“Solicitamos urgente ajuda e que o Estado garanta nossa segurança, pois estamos em nosso território ancestral. Eles estão atirando para matar e prometendo um massacre. Estamos pedindo, urgentemente, socorro", diz a Aty Guasu.
Ao Campo Grande News, a Polícia Militar informou que no período da manhã deste domingo, proprietários rurais denunciaram movimentação dos indígenas no entorno da Fazenda Lagoa Rica. Segundo a denúncia, o grupo estaria armado com facões e flechas e montando barracos na área em litígio.
Policiais militares foram ao local para evitar confronto e quando chegaram encontraram em torno de 15 pessoas, de fato armadas com ferramentas e flechas, mas nenhum barraco estava sendo montado. A equipe então retornou para Dourados.
À tarde, os proprietários rurais voltaram a entrar em contato com a PM, dessa vez para denunciar que os indígenas teriam bloqueado estradas de acesso às fazendas e que estariam ameaçando quem passasse pelo local. Também relataram terem ouvido tiros.
Novamente a Polícia Militar se deslocou até a fazenda e quando ainda estava no caminho, foi informada que o indígena havia sido baleado na perna e socorrido pelos próprios companheiros até o Hospital da Vida, em Dourados. Os policiais foram ao local do confronto, mas não havia mais ninguém. Os bloqueios também tinham sido desmontados.
Houve incêndio na palha de lavouras no entorno da área em disputa. Os indígenas denunciaram que o fogo foi provocado pelos fazendeiros, para expulsá-los. Já os proprietários relatam que o incêndio foi causado pelos indígenas.
A Terra Indígena Panambi/Lagoa Rica é reconhecida desde 2011, sendo delimitada em 12,1 mil hectares, mas o processo de demarcação está parado. Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a demora ocorre por morosidade do Estado e de "[...] medidas legislativas inconstitucionais como Proposta de Emenda à Constituição que busca instituir a tese do marco temporal".
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