Júri de homem que matou mãe e filha é suspenso após gritaria em Fórum
Juíza admitiu possibilidade de transferir julgamento de Jorcy Marques Ortiz para outra comarca
Foi adiado mais uma vez o julgamento de Jorcy Marques Ortiz, 54, que matou Rosenilda Rodrigues Maciel, 54, e da filha dela, Andreia Rodrigues Maciel, 34, no dia 4 de junho de 2021 em Antônio João, cidade a 319 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai.
O processo está em sigilo na Justiça estadual, mas o Campo Grande News apurou que o julgamento estava em andamento nesta terça-feira (22) no Fórum de Ponta Porã quando uma confusão levou a juíza que presidia a sessão a suspender o júri.
Segundo relato de parente das vítimas, no momento que Jorcy Ortiz era interrogado e apresentava sua versão sobre o duplo feminicídio, umas das irmãs de Rosenilda protestou e aos gritos o chamou de “assassino”.
A juíza então mandou retirar a mulher do plenário e suspendeu o julgamento. Ainda segundo relatos de pessoas que acompanhavam a sessão, a magistrada teria manifestado que a saída será o desaforamento, ou seja, transferência do júri para outra comarca, para evitar parcialidade na decisão dos jurados.
Esta é a segunda vez que o julgamento de Jorcy Ortiz é adiado. Ex-candidato a vereador em Antônio João, ele seria julgado no dia 30 de maio deste ano, mas a sessão foi suspensa por causa dos bloqueios de rodovias promovidos pela comunidade indígena.
Como o réu está recolhido na PED (Penitenciária Estadual de Dourados) e a BR-463 estava bloqueada naquele dia, não foi possível levá-lo até Ponta Porã para acompanhar o julgamento.
Os crimes – Rosenilda Rodrigues Maciel e Andreia Rodrigues Maciel foram mortas a tiros na noite de 4 de junho de 2021. Ex-candidato a vereador, Jorcy se entregou à polícia três dias depois, mas ficou em silêncio no interrogatório.
Em áudio enviado para o grupo da família no aplicativo WhatsApp, confessou os crimes, mas alegou que sua intenção era apenas assustar as vítimas. “Não era para ser assim, meu intuito era assustar, mas aconteceu isso aí no impulso”.
As investigações apontaram que Jorcy teve relacionamento com Rosenilda e que a condição de mulher das vítimas foi relevante para a conclusão dos fatos. Então, ele se tornou réu por duplo feminicídio.
Familiares de Rosenilda afirmaram em depoimento que Jorcy estaria devendo dinheiro da compra de uma chácara das vítimas. Como não conseguia receber, Rosenilda teria ameaçado contar sobre o romance para a família de Jorcy.
Por isso ele teria decidido matar a mulher e a filha dela. O criminoso negou a existência da suposta dívida e alegou que pagou pela compra do imóvel, mas Rosenilda insistia em chamá-lo de ladrão.
Em março deste ano, a defesa de Jorcy Ortiz recorreu ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul pedindo o desaforamento do júri por duvidar da imparcialidade do corpo de jurados de Ponta Porã, mas a transferência para a comarca de Campo Grande, como pretendia o advogado do réu, foi negada pela Corte.
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