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Interior

Mãe espera desde agosto condenação de motorista escolar que abusou de criança

Menina foi abusada pelo padrinho, homem que até então era de confiança e amigo da família

Por Viviane Oliveira | 20/03/2024 06:20
Sala de depoimento especial na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada) (Foto: arquivo/Henrique Kawaminami) 
Sala de depoimento especial na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada) (Foto: arquivo/Henrique Kawaminami)

Encorajada pela reportagem "Empresário descobriu da pior forma que 'cara fantástico' abusava das filhas", a assistente administrativa, de 40 anos, decidiu tornar público caso semelhante ocorrido com a sua filha, hoje com 12 anos. A história vem de São Gabriel do Oeste, distante 137 quilômetros de Campo Grande.

O acusado, de 55 anos, era tio/padrinho da vítima e muito próximo à família. Uma pessoa acima de qualquer suspeita. “Vi a reportagem de um caso semelhante ao que ocorreu com a minha filha e senti um acalento”, conta. A mãe se refere à pena do estuprador, condenado a 24 anos de prisão, citado na matéria publicada na segunda-feira.

Segundo ela, o processo já está encerrado desde agosto do ano passado, pronto para ser julgado pelo juiz, sem avanço. “Espero ansiosamente pela condenação dele”, diz.

O acusado atua na cidade há muitos anos como motorista do transporte escolar, situação que causa muita revolta. “Ele continua trabalhando com criança e adolescentes, mesmo depois do que aconteceu com a minha filha”, lamentou. O homem era próximo da família da vítima que na época dos estupros tinha de 5 para 6 anos. “Era tio/padrinho da minha filha, casado com a minha tia. A gente tinha muita amizade. Saía para viajar e pescar juntos”, lamenta.

Na ocasião dos fatos, a vítima frequentava a casa do homem para brincar e assistir filme com o primo, filho do denunciado. Quando a menina contou sobre o abuso, a mãe disse que foi um baque. “Era uma pessoa de confiança. Eu tinha amor, carinho e respeito por ele. Foi como se um buraco tivesse aberto na minha frente”, desabafou.

A mulher disse que tem medida protetiva contra o acusado, mas como a cidade é pequena acaba se encontrando com o autor. “Quero que ele fique preso depois do julgamento. Pague pelo crime que cometeu. Toda vez que a minha filha encontra com ele, o humor dela fica diferente, parece que o dia acaba”.

Não se sabe ao certo quando os abusos começaram, mas a última vez que o crime ocorreu foi entre janeiro e fevereiro de 2020. A família ficou sabendo em março daquele ano. "Agora, ela está bem, depois de 2 anos de acompanhamento psicológico", diz.

Conforme denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), se aproveitando da situação e da confiança da família, o denunciado praticou atos libidinosos com a criança por pelo menos três vezes, além de mostrar vídeos pornográficos para a menina. Os crimes ocorreram na casa do autor.

“Ao que tudo indica, o denunciado aproveitava-se dos momentos em que ficava sozinho com a vítima e, após a conduta criminosa, pedia para que a vítima não contasse nada. Em depoimento especial, a criança contou que não disse para os pais antes pois tinha medo e vergonha", segundo trecho da denúncia.

De acordo com a mãe, o acusado nega ter cometido o crime e a sua tia acha que foi invenção da criança. "Quero ver este homem condenado. Meu dia ainda vai chegar, de ver a Justiça sendo feita", desabafa. Ela espera que a sentença saia ainda este ano.

Pesquisas mostram que crimes de estupros de vulnerável costumam ser praticados por pessoas da família ou próximas da família na maioria dos casos. O abusador muitas vezes manipula emocionalmente a criança, que não percebe estar sendo vítima e, com isso, costuma ganhar a confiança fazendo com que ela se cale.

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