Moradores de MS que invadiram Brasília usam redes para defender atos
Dois douradenses que participaram das invasões de domingo se manifestaram; o terceiro apagou página
Dois dos três moradores de Dourados identificados entre os terroristas que invadiram as sedes dos três Poderes da República, domingo (8), em Brasília, se manifestaram na noite de ontem.
O sargento reformado do Exército Rubens de Gomes Prates e o blogueiro bolsonaristas Rogério Santos, o Rogerinho, que administra o perfil “O outro lado de Dourados”, fizeram postagens em rede social.
O terceiro douradense presente nos atos terroristas, o personal William Henrique, alterou o usuário de sua conta no Instagram. Antes usava wil_brbrasil e agora mudou para william67ms. Quando ocorre essa alteração, a conta anterior fica indisponível, como se tivesse sido apagada.
Ontem à noite e na manhã de hoje, William publicou vídeos no storie do Instagram criticando a prisão dos bolsonaristas e negando participação nas invasões. Ele disse que achou no chão o escudo da polícia e estava levando para devolver aos policiais quando a foto foi tirada. Também repetiu a narrativa bolsonarista, de que os ataques foram promovidos por petistas infiltrados e criticou a mídia.
William foi notícia ontem em jornais e redes sociais por aparecer em foto com escudo da polícia nas mãos, tomado durante as invasões. O video mostrando a destruição da sede do STF já tinha sido apagada antes dele trocar o usuário da conta.
Negou destruição - Em vídeo postado ontem à noite no Instagram, Rogério Santos negou ter participado diretamente da destruição das sedes do Supremo Tribunal Federal, do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional.
Rogerinho acusou os meios de comunicação de fake news por informarem que ele tinha sido preso e disse que a mentira “é coisa do diabo”.
“Tinha um milhão de pessoas ontem em Brasília e umas duzentas fizeram o quebra-quebra. O restante não estava de acordo com aquilo, eu não estava de acordo com aquilo”, afirmou o blogueiro.
Rogério Santos alegou que não sabia dos planos dos companheiros bolsonaristas de invadirem os Poderes e disse ter ido para os atos pensando que seria um culto. “Agora a esquerda nos acusa de bandidos para tampar os erros deles”.
Apesar de alegar ter ficado de longe da invasão, Rogerinho fez live durante os ataques, mostrou outros bolsonaristas marchando em direção à Praça dos Três Poderes. Emocionado, disse que Brasília estava tomada. Depois, apagou o vídeo.
Rogério Santos também postou imagens do interior do ginásio da Polícia Federal em Brasília, para onde 1.200 bolsonaristas que estavam acampados no QG do Exército foram levados. Rogerinho ainda afirmou nos vídeos que foram petistas infiltrados que teriam iniciado o quebra-quebra, narrativa espalhada ontem pelos bolsonaristas.
Militar – Ao contrário de Rogério Santos, o sargento reformado do Exército Rubens de Gomes Prates não apagou vídeo mostrando as invasões e não postou nenhuma declaração negando participação nos atos.
Ontem à noite, o militar repostou declaração do deputado federal Luiz Ovando (PP) afirmando que as manifestações fazem parte da democracia e que a violência dos atos “reflete a indignação da população”.
Rubens Prates ainda postou outro texto afirmando que manifestação é direito natural do cidadão. “Autoritarismo, abuso de poder e ações para enganar o povo provocou (sic) o surgimento desta forma de governo. A entrega do código fonte por parte do TSE evitaria tudo que estamos vivendo na atualidade”, afirmou.
Corretor – Outro sul-mato-grossense presente nos atos golpistas, o empresário José Paulo Afonso Barros, o “Paulinho”, ainda não se manifestou. Não há informação se ele foi preso ou está solto.
Dono de uma seguradora em Ponta Porã (a 313 km de Campo Grande), Paulinho apareceu em foto que circulou em redes sociais dentro da sede do STF (Supremo Tribunal Federal) usando máscara de gás.
José Paulo estava acampado desde o início de novembro em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Em dezembro, ele apareceu pintado como se fosse indígena da comunidade Xavante.
Em setembro de 2021, José Paulo foi preso no âmbito da Operação Romeu Sierra India, deflagrada pela Polícia Federal para desmantelar organização criminosa acusada de aplicar golpe milionário em investidores. Ele passou quatro meses na cadeia e foi solto para responder ao processo em liberdade.
De Naviraí – Outra sul-mato-grossense identificada entre os terroristas é a moradora de Naviraí Andrea Barth. No sábado (7), a bolsonarista radical publicou vídeo dentro do ônibus em que seguia para a Capital federal junto com outros moradores de Mato Grosso do Sul.
A Polícia Federal e a Polícia Civil do Distrito Federal não divulgaram os nomes dos terroristas que estão presos. Ontem, o portal G1 revelou lista de 19 empresas donas de ônibus usados para levar os bolsonaristas até Brasília. Uma delas é a Transcolita, de Itaporã.
Ônibus Scania Paradiso placa QAO-9497, registrado em nome da Transcolita, está entre os 87 apreendidos. A empresa informou ontem que o veículo foi contratado por morador de Maracaju. A polícia está atrás dos responsáveis pela contratação dos ônibus, que ajudaram a financiar a tentativa de golpe.
*Matéria alterada às 12h03 para correção de informações sobre a rede social de William Henrique.