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Cidades

Pai de assassino de jovem em lava jato invadiu Congresso e considerou "vitória"

Wesner Moreira foi morto em 2017, em um lava jato, após introduzirem uma mangueira compressora em seu ânus

Gabrielle Tavares | 09/01/2023 16:24

Foi identificado como Adair Senna um dos bolsonaristas de Mato Grosso do Sul que participou da invasão ao Congresso Nacional, STF (Supremo Tribunal Federal) e o Palácio do Planalto o último domingo (8). Ele é pai de Thiago Giovani Demarco Senna, que responde na Justiça por matar Wesner Moreira da Silva, em 2017.

Wesner, de 17 anos, foi violentado em lava jato de Campo Grande, numa “brincadeira” estúpida, em que Thiago, junto a Willian Henrique Larrea, introduziram uma mangueira de ar comprimido no ânus da vítima, no lava jato que pertencia a Senna. O adolescente passou 11 dias internado na Santa Casa da Capital e faleceu no dia 14 de fevereiro daquele ano.

Na invasão, Adair explica como fez para invadir o Planalto. "Aquela hora que nós chegamos, deu a impressão que não íamos conseguir, porque estava fechado realmente a portaria tudo por policiais. Mas nós observamos que os policiais não reagiam, eles lançavam bomba de gás, mas passava por cima de nós e caía dentro d'água. Daí nós invadimos, quando nós invadimos, umas 100 pessoas, aí arrombou as portas de vidro e tomamos conta. Agora é só vitória, a sensação é tremenda. Vamos ficar aqui até tomar o Congresso Nacional e tomar conta de tudo", relatou.

Vidraças da sede do Congresso foram quebradas e o Palácio e o STF, depredados. A polícia lançou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para desocupar os prédios dos Três Poderes.

Thiago e Willian em uma das audiências de instrução no Fórum da Capital. (Foto: Arquivo/Geisy Garnes)
Thiago e Willian em uma das audiências de instrução no Fórum da Capital. (Foto: Arquivo/Geisy Garnes)

Na manhã desta segunda-feira (9), a Polícia Militar do Distrito Federal e o Exército fizeram uma operação no quartel-general do Exército, em Brasília, para desmontar o acampamento. Com a situação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou a intervenção federal do Distrito Federal até o 31 de janeiro.

O caso - O crime aconteceu no dia 3 de fevereiro de 2017, quando uma mangueira de ar comprimido foi introduzida no ânus de Neres. O rapaz foi socorrido, levado ao posto de saúde do Bairro Tiradentes e, posteriormente, à Santa Casa, onde morreu por ruptura do esôfago e choque hipovolêmico por hemorragia torácica aguda maciça.

Em 2019, a Justiça decidiu que Thiago e William pagassem à familia de Wesner uma pensão mensal de R$ 636 até a data em que o adolescente completaria 25 anos. A dupla, porém, recorreu da decisão.

Em fevereiro de 2017, Marisilva chora ao lado da foto do filho. (Foto: André Bittar/Arquivo)
Em fevereiro de 2017, Marisilva chora ao lado da foto do filho. (Foto: André Bittar/Arquivo)

No mesmo ano, decisão do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) determinou que Thiago e William fossem levados a júri popular, mas até hoje os dois não foram julgados.

Em 2021, a família de Wesner se reuniu no cemitério onde ele foi sepultado para protestar contra a demora na realização do júri popular. Na época, a dona de casa Marisilva Moreira Silva, mãe da vítima, disse que não aguentava mais esperar.

“Marca esse dia [do julgamento]. Vai ser o dia da nossa vitória. Eles estão andando por aí e zombando da Justiça. Eu tenho certeza que dentro daquele tribunal tem uma pessoa que tem coração de carne e vai colocar eles atrás das grades. Esse dois monstros acabaram com a nossa família”, disse.

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