Para juiz, dupla não teve intenção de matar adolescente em lava jato
O Juiz de direito Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1° Vara do Tribunal do Júri, desclassificou o crime de homicídio doloso no qual respondem Thiago Giovanni Demarco Sena, de 22 anos, e Willian Enrique Larrea, de 32 anos, pela morte do adolescente Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, em fevereiro do ano passado. Com isso, a dupla não irá a juri popular.
De acordo com a sentença da última quinta-feira (17), o juiz considerou não haver motivos que comprovem o "dolo eventual", ou seja, a intenção dos réus em matar a vítima. Sendo assim, eles agora devem responder por "crime não doloso contra a vida", como por exemplo, homicídio culposo.
Na decisão, foi levado em conta o comportamento e os depoimentos dos réus, em que ambos negaram haver a intenção de machucar Wesner. A dupla afirmou que a ação se tratava apenas de uma brincadeira e que eles não tinham consciência das consequências e dos danos que o compressor de ar poderia causar.
Além disso, o depoimento de familiares e testemunhas comprovaram que ambos eram amigos, sendo até mesmo Wesner e Willian conhecidos desde criança, o que indica que não havia inimizade entre eles. Ainda de acordo com os autos, a brincadeira, apesar de tudo, era comum entre os acusados e a vítima.
Com isso, foi aberto prazo para que defesa e MPE (Ministério Público Estadual) apresentem novas alegações finais. Para o MPE, o dolo eventual estaria caracterizado pois os acusados teriam assumido o risco de matar ao introduzir a mangueira de ar no ânus da vítima, mas para o juiz, não existem provas mínimas que comprovem o dolo.
Caso - Wesner foi ferido com mangueira de alta pressão de ar em um lava jato, no dia 3 de fevereiro, e morreu no dia 14 do mês mesmo, 11 dias depois de internado, na Santa Casa da Capital.
Os dois suspeitos de terem cometido o crime contra o adolescente, Thiago Giovanni, dono do lava jato, e Willian trabalhavam com a vítima no local. Quem denunciou a dupla foi o primo da vítima, de 28 anos, que, na delegacia, disse que o adolescente “brincava com os colegas de trabalho”, quando um dos homens o agarrou e o dono do estabelecimento inseriu a mangueira de ar comprimido no ânus do garoto.