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Capital

''Nunca sentiram o sabor da cadeia", diz mãe sobre crime em lava-jato

Na última quinta-feira (14) completou dois anos da morte Wesner Moreira da Silva, após ser violentado em um lava-jato no bairro Morumbi

Kerolyn Araújo | 15/02/2019 11:53
Marisilva se emociona ao relembrar dos últimos dias que passou com o filho vivo (Foto: Arquivo/ Marcos Ermínio)
Marisilva se emociona ao relembrar dos últimos dias que passou com o filho vivo (Foto: Arquivo/ Marcos Ermínio)

Dois anos se passaram desde que Marisilva Moreira da Silva, 46 anos, enterrou o filho Wesner Moreira da Silva, morto aos 17 anos após ser violentado em um lava-jato no bairro Morumbi, em Campo Grande. De lá pra cá, a saudade aumentou e, junto dela, o sentimento de impunidade.

Ao Campo Grande News, a mãe relatou que os dias não tem sido fáceis desde a partida do filho e a situação piora ao saber que os dois suspeitos, Thiago Giovani Demarco Sena e Willian Henrique Larrea, estão soltos. ''É muito sofrimento, mas se pelo menos eles estivessem presos, eu ficaria mais tranquila para seguir minha vida. É dia e noite pensando nisso. Meu filho saiu para trabalhar e voltou em um caixão", relatou.

Um ano e meio após o crime, a Justiça decidiu que Thiago e William pagassem à familia de Wesner uma pensão mensal de R$ 636 até a data em que o adolescente completaria 25 anos. A dupla, porém, recorreu da decisão. ''Só ficou no papel mesmo porque eles entraram com recurso. Mas esse dinheiro não interessa pra mim. Meu interesse é que eles sejam presos", disse.

Wesner morreu aos 17 anos após agressão em lava jato (Foto: Reprodução/Facebook)
Wesner morreu aos 17 anos após agressão em lava jato (Foto: Reprodução/Facebook)

A mãe acredita que o desejo dos réus é que o crime caia no esquecimento para evitar punição. Segundo Marisilva, a demora no andamento do processo está ajudando a dupla. ''Quero que eles paguem presos o que fizeram com meu filho. Nunca sentiram o sabor da cadeia. E a Justiça é falha, joga de um lado para o outro. Nós, como família, queremos resposta. A sensação que eu tenho é que querem que todo mundo esqueça o caso para que na hora do julgamento paguem apenas uma cesta básica", ressaltou.

Para Marisilva, apesar de já ter passado dois anos, a saudade e a dor é como se o filho tivesse morrido ontem. ''São dois anos de choro. Era um menino jovem, cheio de esperança, só queria trabalhar, ter as coisas dele e ajudar a família. Pelo prazer da maldade destruíram os sonhos do meu filho", lamentou.

Thiago e Willian em uma das audiências de instrução no Fórum da Capital. (Foto: Arquivo/ Geisy Garnes)
Thiago e Willian em uma das audiências de instrução no Fórum da Capital. (Foto: Arquivo/ Geisy Garnes)

O caso - Wesner foi ferido com mangueira de alta pressão de ar comprimido em um lava-jato, no dia 3 de fevereiro de 2017, onde trabalhava com Willian no empreendimento que pertencia a Thiago. O adolescente passou 11 dias internado na Santa Casa da Capital e faleceu no dia 14.

Quem fez a denúncia à polícia contra a dupla foi o primo da vítima, de 28 anos, no mesmo dia do crime. No relato à delegacia, o rapaz disse que o adolescente “brincava com os colegas de trabalho”, quando um dos homens o agarrou e o dono do estabelecimento inseriu a mangueira de ar comprimido no ânus do garoto.

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