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Interior

Ônibus quebra e pacientes percorrem 236 km na base da gambiarra

Caso é exemplo de precariedade no atendimento há muito tempo, reclama grupo

Por Kamila Alcântara | 25/04/2024 18:22

Renais crônicos e paciente com câncer, do município de Porto Murtinho - a 439 km da Capital, sofrem com transporte fornecido pela prefeitura. Além de terem de vir a Campo Grande para atendimento, eles dividem espaço no ônibus com peças de motoniveladoras e até fazem “gambiarras” para o veículo funcionar.

Em tratamento há quatro anos, Samir Mohamad Kaderi, 47, representa 14 pacientes renais crônicos do município e já protocolou inúmeras denúncias no Ministério Público. “Sempre foi precário, mas agora enfrentamos ainda o descaso da gestão municipal. Como temos hora marcada na ‘máquina’ três vezes na semana, eles mandam de tudo com a gente. Na época da covid, até os testes vinham em caixas no nosso pé”, relata o paciente.

Mecânico em Porto Murtinho, Samir até ajuda os motoristas nos momentos de perrengue. Inclusive, na virada do ano, o cabo da embreagem do ônibus quebrou a 236 km de Murtinho e para conseguirem chegar o mais rápido possível de volta em casa, ele fazia as trocas das marchas manualmente.

“Só estávamos nós, da hemodiálise, quando o ônibus quebrou na saída de Sidrolândia, aí em Campo Grande. Não queríamos passar a virada de ano presos na estrada, então eu fui trocando cada vez que o motorista precisava. Fomos socorridos por outro veículo uns 20 km depois de Jardim. Foram mais de 200 km daquele jeito”, lembra.

Porém, nesta semana, seis lâminas de motoniveladoras foram colocadas no corredor do veículo, entre os passageiros, no caminho de volta. As peças tilintavam e causavam incômodo nos pacientes, que voltavam do tratamento.

“Tinha criança especial no ônibus que não conseguia se acalmar com o barulho. Só depois que reclamamos em um grupo que colocaram no bagageiro, mas isso lá em Jardim. Agora, querem punir o motorista, mas ele não tem culpa, já pegou o veículo com as peças lá dentro. São lâminas muito pesadas”.

Samir termina dizendo que não há diálogo com a Secretaria de Saúde, muito menos com o prefeito Nelson Cintra (PSDB). O paciente alega que todas as conquistas do grupo vieram após denúncias no Ministério Público, mas ainda viajam sem ar-condicionado e com automóveis sucateados. "Estamos esquecidos, a única preocupação dele é com a Rota Bioceânica".

Outro lado - Ao Campo Grande News, o prefeito Nelson Cintra diz que já penalizou o motorista do ônibus, pois ele não deveria ter permitido que as peças fossem transportadas entre os passageiros. “Nossos ônibus estão na mecânica e, por enquanto, eles estão viajando em um novo, emprestado da Assistência Social. Isso tudo é intriga política”, defendeu.

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