Polícia segue sem pistas de traficante da fronteira resgatado no Paraguai
Fuga de Jorge Teófilo Samudio González, o Samura, expõe mais uma vez os tentáculos das facções brasileiras e ameaça ministro
O resgate do narcotraficante Jorge Teófilo Samudio González, o Samura, apontado como um dos principais líderes do Comando Vermelho na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul, virou crise política para o governo do país vizinho.
Samura fugiu ontem à tarde em Assunción, capital do Paraguai, após intenso ataque a tiros de comparsas dele contra policiais e agentes penitenciários que o escoltavam de volta ao Presídio de Emboscada após ser levado ao Palácio da Justiça para audiência.
Quatro policiais ficaram feridos, entre eles o comissário da Polícia Nacional Félix Ferrari, morto em consequência dos tiros. A família de Ferrari cobra a demissão do ministro do Interior Juan Ernesto Villamayor.
O cunhado do policial, José Aranda, afirmou em entrevista à imprensa paraguaia que governo não tomou os cuidados necessários de segurança no trajeto e que tratou Samura como “bandido comum”.
Natural de Capitán Bado, cidade vizinha de Coronel Sapucaia (MS), Samura atua em Pedro Juan Caballero e tinha sido capturado em outubro do ano passado em Bella Vista Norte, outra cidade paraguaia vizinha de Mato Grosso do Sul. Ele é considerado peça-chave do Comando Vermelho por comandar a estrutura aérea que envia a cocaína boliviana através do Paraguai para o Brasil e Europa.
Os principais jornais paraguaios criticam o governo pela fuga de Samura e colocam autoridades sob suspeita de omissão e participação no plano. Para a opinião pública do país vizinho, a máfia brasileira “faz o que quer” no Paraguai.
Pelo menos um agente penitenciário já foi preso e o Ministério Público paraguaio vai investigar a promotora de Justiça que pediu o cancelamento da audiência em que Samura seria ouvido ontem. Foi na volta dessa audiência cancelada que ele foi resgatado quando era levado para o Presídio de Emboscada, na região norte de Assunción.
Nesta quinta-feira (12), o juiz Rolando Duarte determinou ordem de captura nacional e internacional do narcotraficante e mandou enviar o mandado de prisão para a Interpol.
Também na manhã de hoje, a polícia paraguaia encontrou um dos veículos usados no resgate, uma caminhonete Nissan Navara prata ano 2003, registrada em nome do brasileiro José Antonio da Silva, 46, morador em Yuty, a 284 km do local do ataque.