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Interior

Policiais paraguaios sequestram brasileiros para extorquir R$ 25 mil

Casal foi levado para colônia a 140 km de Paranhos; quatro policiais foram presos

Helio de Freitas, de Dourados | 20/01/2021 10:09
Um dos policiais presos por extorsão contra brasileiros (Foto: La Nación)
Um dos policiais presos por extorsão contra brasileiros (Foto: La Nación)

Quatro policiais paraguaios foram presos nesta terça-feira (19) acusados de sequestrar um casal de brasileiros para extorquir dinheiro. O homem e a mulher ficaram quase dois dias em cárcere privado na Colônia Torín, que fica no Departamento de Caaguazú, a 140 quilômetros de Paranhos (MS).

Os turistas brasileiros foram ameaçados de serem acusados por suposto tráfico e prostituição caso se negassem a entregar R$ 25 mil aos agentes da Polícia Nacional. Os policiais foram presos em flagrante.

De acordo com o jornal La Nación, os presos são os suboficiais Eladio Giménez, Gustavo Toledo, Osmar Paredes e Julio Díaz. Na sede da Polícia Nacional em Torín, onde os quatro trabalham, foram apreendidos documentos e o carro dos brasileiros.

Segundo o jornal paraguaio, enquanto o homem era mantido como refém, a mulher foi levada até Ciudad del Este, cidade separada de Foz do Iguaçu (PR) pela Ponte da Amizade, para sacar o dinheiro do lado brasileiro.

Enquanto esperavam pela mulher, os policiais foram presos após a extorsão ser denunciada ao comando da Polícia Nacional em Ciudad del Este por policiais brasileiros.

“O caso denunciado é gravíssimo. É uma pena que policiais atuem dessa maneira, afirmou Javier Flores, chefe de investigações no Departamento de Alto Paraná, onde ocorreu o flagrante.

A extorsão -  Mateus Manggioca, 22, e a noiva, Julia de Lima Venancio, 21, faziam turismo no Paraguai. Eles tinham chegado ao país vizinho no dia 6 e passaram por Encarnación, Trinidad e pela capital Asunción. Na segunda-feira (18), quando voltavam para o Brasil em um Jeep Renegade branco, foram sequestrados pelos policiais e levados para a Colônia Torín.

Inicialmente os policiais cobraram R$ 50 mil para liberá-los, mas concordaram com metade do valor. Depois de um dia presos ilegalmente, os dois foram levados até Ciudad del Este, onde Mateus ficou em poder dos policiais e Julia cruzou a Ponte da Amizade, para sacar o dinheiro, enviado por familiares deles, residentes em São Paulo.

Quando estava na agência bancária, Julia teve uma crise nervosa e começou a chorar. Os funcionários do banco ficaram desconfiados, se negaram a liberar o dinheiro e avisaram a polícia. Ela então contou a história e os policiais brasileiros comunicaram o sequestro ao comando da Polícia Nacional em Ciudad de Este.

Mateus contou em entrevista a emissoras de rádio do Paraguai que ele e sua noiva passaram momentos de terror nas mãos dos policiais, que prometiam forjar denúncia por prostituição contra a mulher e de “plantar” droga no carro, para que o casal fosse condenado a até 25 anos de prisão. Também ameaçavam matar os dois se não recebessem o dinheiro.

Em contato com os familiares, os brasileiros conseguiram reunir R$ 25 mil, mas os policiais não aceitaram transferência e exigiram dinheiro em espécie. O comandante da unidade da Colônia Torín, comissário Alcides Velázquez, não foi preso, apesar de a brasileira o apontar como o mentor do sequestro e extorsão.

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